Opinião

Compra das vacinas pela UE e uma questão

5 fev 2021 14:39

A Sputnik V teria ajudado a vacinar milhões de cidadãos e evitar a morte de milhares de europeus.

Em plena fase crítica da pandemia de Covid-19, em que Portugal é o país com mais casos e mortes por milhões de habitantes, vivemos uma autêntica guerra à escala mundial pela compra de vacinas.

Situação que urge resolver por forma a não aumentar, ainda mais, o crescimento dos eurocéticos que tudo irão fazer para capitalizar a desorganização da União Europeia (UE) em seu proveito.

Basta ler os jornais do Reino Unido para se compreender a felicidade dos que votaram na saída da UE.

Importa que os interesses das farmacêuticas não se sobreponham.

As escolhas devem ser baseadas em critérios científicos e não por imposições externas.

Por exemplo, não é compreensível que a UE tenha desprezado a vacina de origem russa - a Sputnik V - que revelou uma eficácia de 91,6% contra as formas sintomáticas da doença, segundo resultados publicados na revista científica The Lancet.

A Sputnik V teria ajudado a vacinar milhões de cidadãos e evitar a morte de milhares de europeus.

Que os altos interesses dos grandes grupos farmacêuticos ocidentais como a Pfizer, AstraZeneca, Moderna e Jonhson & Jonhson não continuem a imperar.

A compra de vacinas centralizada pela União Europeia foi a decisão mais acertada dos últimos anos tomada a nível europeu.

Uma compra centralizada permite uma distribuição justa entre os diferentes Estados membros, reforça a unidade e solidariedade entre os países e fortalece o sentimento de pertença aos cidadãos europeus.

Esta decisão é uma “ferramenta” na luta contra os nacionalismo e populismo que assolam a Europa.

Nunca Portugal ou a Roménia teriam capacidade para comprar vacinas ao mesmo tempo que países ricos como a Alemanha ou a Bélgica.

É fundamental que o processo de distribuição e posteriores planos de vacinação de cada Estado membro respondam eficientemente e que no futuro sejam lembrados como um exemplo da importância da União dos países da Europa.

Que este processo honre os princípios fundadores da União Europeia patentes do artigo 2.º do Tratado da União Europeia - “A União funda-se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias…. sociedade caracterizada pelo pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres”.

Uma pequena nota para os leitores do JORNAL DE LEIRIA estarem atentos nos próximos meses.

Vamos começar a ouvir a classe política a falar regularmente da necessidade de um Governo de salvação nacional. Os antigos ministros Marçal Grilo (Governo PS) e Luís Nobre Guedes (Governo PSD/CDS) já começaram a defender esta ideia como única forma de ultrapassar a grave crise económica e social.

Não será uma forma de se colocarem na primeira fila para acesso aos mais de 40 mil milhões que a UE irá disponibilizar a Portugal para fazer face à crise provocada pela Pandemia?

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990