Opinião

Macron presidente, mas...

14 mai 2017 00:00

Meu Caro Zé, escrevo-te na manhã de segunda-feira, dia 8 de maio, depois de, à semelhança do que fiz há duas semanas, ter passado mais de três horas a seguir, em direto, as eleições francesas num canal francês.

Não era esta a primeira ideia para a carta, defrontado que sou, diariamente, com “barbaridades citadinas” que põem à prova o conceito de cidadão e de democracia.

Mas entendo que estas minhas preocupações são “menores” quando comparadas com os efeitos europeus e mundiais das eleições francesas, designadamente quanto à existência da democracia e, em particular, quanto à necessidade do aperfeiçoamento da sua governação que, verdadeiramente, possa conduzir à formação de uma verdadeira vontade popular, com equilíbrio entre todos os interesses legitimamente manifestados.

Pois bem! Ganhou Emmanuel Macron e perdeu Marine Le Pen.

Do que vi e ouvi ontem, esta é a única conclusão e pouco mais que, em rigor, se pode adiantar, exceto que, para já, não haverá um “Frexit”, como a entrada “à la Mitterrand” de Macron na Esplanada do Louvre, sob do Hino da Alegria da 9ª Sinfonia de Beethoven, evidenciou, com a fusão com a “Marselhesa” gritada a plenos pulmões no fim da intervenção, já à tribuno de Macron, claramente a dar início à campanha para as eleições legislativas de junho.

Aliás, este foi o tom de quase todas as intervenções, a começar logo por Le Pen, arriscando a transformação da “sua” Frente Nacional (com a sobrinha Marion Marechal-Le Pen a aparecer sorrateiramente com ar mais aberto e “democrático”), Mélenchon (a tentar arrebanhar os seus eleitores da primeira volta, para, alegadamente, um “combate” contra Macron) e os diversos líderes da área gaulista e republicana a clamarem (embora com claras diferenças face a Macron) por uma expectativa de vitória, dispondo-se a colaborar com Macron, “mas noutros termos”.

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*Professor universitário
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia