Viver

Uma espécie de "senhor folclore"

22 jun 2016 00:00

José Vaz, dirigente do Rancho da Região de Leiria

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Maria Anabela Silva

Beirão de nascimento, leiriense por adopção, José Vaz respira folclore por todos os poros. Os olhos brilham-lhe e o discurso flui, quase à velocidade do corridinho, quando o tema é etnografia.

Ligado há mais de 30 anos ao Rancho da Região de Leiria, foi recentemente homenageado pela Câmara de Leiria, que lhe atribuiu a medalha do município, insígnia de bronze, pelo “importante” trabalho desenvolvido em “prol da preservação das nossas tradições e cultura”. Um dia “marcante” e de emoções “fortes”, confessa, pelo reconhecimento público da sua dedicação à “causa do folclore”, mas, sobretudo, por ter a mãe, de 90 anos, a assistir a essa distinção.

Para perceber a ligação de José Vaz às sonoridades tradicionais, é necessário recuar ao seu tempo de juventude, passado na Covilhã, para onde a família, natural de Penamacor, foi residir devido à profissão do pai, funcionário judiciário. “Andávamos ao sabor das suas colocações. Antes, já tínhamos vivido em Castelo Branco.”

A vivência na Covilhã, então bastião da indústria têxtil e com um “fortíssimo” movimento sindical, acabaria por lhe moldar a “consciência política” e por lhe despertar o gosto pelo teatro e pela poesia, que alimentou no Orfeão da cidade, onde integrou a secção de teatro, da qual faziam parte “indivíduos conotados pela esquerda” e que era “muito vigiada” pela PIDE.

“Antes dos recitais de poesia, fazíamos uma lista dos poemas que iríamos declamar, mas, claro, líamos sempre outros”, recorda José Vaz, que, anos mais tarde, chegou a estar preso, durante umas horas, por andar a distribuir material de campanha, aquando das últimas eleições antes do 25 de Abril, realizadas em 1973. “Já vivia em Lisboa, mas fui à Covilhã ajudar nesse trabalho”, recorda.

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