Desporto

Transpyrenea, um “desafio XL” para o homem que nunca verga

15 jul 2016 00:00

João Colaço na linha de partida para fazer os 866 quilómetros que ligam o Mediterrâneo e o Atlântico pelos Pirenéus.

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Se todos os passos de João Colaço nas quase nove centenas de quilómetros da Transpyrenea abrissem uma fenda no chão, A Jangada de Pedra, de José Saramago, seria muito mais do que uma fantástica história de ficção em que a Península Ibérica se torna numa ilha e se afasta do resto da Europa.

Não será esse, com toda a certeza, o objectivo do ultra-maratonista da Marinha Grande naquele que é, acredita, o maior desafio da sua vida.

A motivação para participar nesta aventura que começa na próxima terça-feira é grande. Fazer os 866 quilómetros que ligam o Mediterrâneo e o Atlântico, utilizando o trilho GR 10, que percorre o comprimento dos Pirenéus próximo da fronteira franco-espanhola pelo lado francês, já não é pêra doce.

Mas ter 16 dias e 16 horas para chegar à meta, então, torna a empreitada em algo que não está ao alcance de todos, nem sequer nos sonhos mais ousados. E a isso ainda temos de somar os 65 mil metros de desnível positivo acumulado que representam, mais coisa menos coisa, subir a Serra da Estrela quatro vezes por dia, todos os dias, durante mais de duas semanas.

Há nove meses que João Colaço está longe das grandes aventuras que foi vivendo nos últimos anos e que o JORNAL DE LEIRIA tem relatado, mas agora está de volta. A última foi na ilha Reunião, em pleno Índico, onde participou na Diagonale des Fous, em português, a diagonal dos loucos. Foram 165 quilómetros, com 10 mil metros de desnível positivo, sob um clima tropical avassalador.

Também já caminhou, por exemplo, 240 quilómetros debaixo do calor abrasador e em total auto-suficiência pelo deserto do Sahara na Marathon des Sables, e já cruzou a Inglaterra sob frio, neve, chuva e com os pés enterrados em lama nos 431 quilómetros da Spine Race.

Numas neva, noutras chove, o calor pode ser sufocante ou chegar-se a altitudes tão elevadas que o corpo – e o cérebro – sentem os efeitos da rarefacção. No entanto, têm uma coisa em comum. Nunca conseguiram dobrar João Colaço. Ele jamais desistiu de uma prova.