Sociedade

Proliferação de furos particulares ameaça aquífero de Ourém

2 dez 2016 00:00

Há casos de captações a “correr para a valeta” sem qualquer aproveitamento.

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Maria Anabela Silva

Só legais serão perto de 900 os furos existentes no concelho de Ourém. A esses, somam-se “muitos mais” que nunca foram registados, havendo freguesias onde há “mais de três ou quatro” por quilómetro quadrado.

Esta proliferação de captações particulares poderá, num futuro próximo, constituir uma ameaça ao aquífero de Ourém, um dos grandes reservatórios de água subterrânea do País, que garante dois terços do abastecimento público no concelho. O alerta foi deixado num seminário, realizado na semana passada, sobre recursos hídricos.

“Desde há 30 ou 40 anos que nos temos permitido, enquanto comunidade, um uso abusivo do aquífero. Todos sabemos de furos feitos de forma aleatória, alguns a correr para a valeta, sem qualquer aproveitamento. Fomos secando e enfraquecendo o nosso aquífero”, denunciou o presidente da Câmara.

Para Paulo Fonseca, é preciso “convocar a comunidade, cidadãos e entidades”, para impedir que se “façam utilizações abusivas da água, que estraguem uma das maiores riquezas” do concelho.

Especialista em hidrogeologia que há cerca de 20 anos estuda o aquífero de Ourém, Eduardo Paralta diz que, para já, a proliferação de furos em Ourém ainda “não é muito preocupante”, atendendo a que, na maioria dos caso, são “pequenas captações para rega ou consumo doméstico”, mas a “menor disponibilidade de água” no futuro exige um “maior controlo”.

“Nos últimos 50 anos houve uma diminuição média de 10% da precipitação. E a tendência é que esta redução seja mais acelerada no futuro”, referiu aquele investigador da Universidade Técnica de Lisboa.

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