Sociedade

Mira de Aire quer reaver antigo campo da Fiandeira

9 jun 2017 00:00

Num momento em que a Câmara de Porto de Mós negoceia a aquisição do antigo campo da Fiandeira, recuperamos estórias de um espaço que faz parte da história recente de Mira de Aire.

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Maria Anabela Silva

Foi um espaço emblemático em Mira de Aire. Aí se viveram grandes jornadas de futebol, mas também momentos de convívio entre a população. O antigo campo da Fiandeira está ainda associado a um passado de pujança da vila, marcado pelo desenvolvido trazido pela indústria têxtil.

Do antigo pelado, restam as balizas enferrujadas e as ruínas dos balneários e das bancadas. Do sector têxtil, sobreviveram pouco mais de meia dúzia de unidades, entre as quais a Fiandeira Mirense, a fábrica que esteve na origem do campo de futebol que, entretanto, passou para a posse do Estado.

Uma decisão que a Câmara de Porto de Mós quer reverter, com a aquisição do imóvel. O objectivo é “devolvê-lo” a Mira de Aire e colocá-lo de novo ao serviço da população.

A história do campo da Fiandeira é indissociável da história dos têxteis na vila. Carlos Alberto Jorge, que chegou a ser guarda-redes da União Recreativa Mirense (URM), conta que o campo começou a ser construído em 1944, num momento de diminuição de trabalho na fábrica, devido aos impactos da II Guerra Mundial.

“Estava proibida a manufacturação de lã para fins industriais. A matéria-prima era canalizada para o esforço de guerra. Os homens da fábrica, que eram a maioria dos trabalhadores, foram aproveitados para as obras de desaterro, preparação do terreno e construção do campo”, recorda.

Além da mão-de-obra, a empresa cedeu grande parte dos terrenos - “outros proprietários confiantes deram também algumas áreas” – e suportou os custos com as obras. O campo da Fiandeira passaria a ser a 'casa' da URM, que até então tinha jogado na Mata e no Poço Espinheiro, em terrenos localizados na zona do polje de Minde que, durante o Inverno, não podiam ser utilizados devido à água acumulada naquele vale.

Em 1958, o campo viveria um dos momentos altos da sua história, com um jogo entre Sporting e Benfica, por ocasião das comemorações dos 25 anos da elevação de Mira de Aire a vila.

Seguir-se-iam “grandes jogos”, quase sempre com o campo “apinhado de gente”, recorda Artur Vieira, actual presidente da Junta, que, tal como muitos miúdos da vila, aprendeu a jogar andebol no pelado da Fiandeira.

“Não havia pavilhão. Improvisava-se para o andebol, basquetebol e voleibol”, acrescenta Carlos Alberto Jorge, que lembra ainda as dificuldades criadas pelos adeptos mirenses às equipas adversárias e de arbitragem.

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