Viver

Ministério da Agricultura proíbe o festival que embala crianças e passeia alfaces em carrinhos de bebé

5 jan 2016 00:00

Autoridades consideram que zona de eucalipto, acácia e fora infestante podem sofrer com 'Pinhal das Artes'

Fotografia: Joaquim Dâmaso
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A Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP) foi hoje informada por um comunicado de Rui Rosmaninho, do Departamento Regional das Florestas do Centro, e Rita Gomes, da Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral, de que, devido a "riscos de segurança inerentes" ao festival de artes para a I Infância - Pinhal das Artes e por este "projecto colocar em risco a fauna e flora do local onde é realizado em São Pedro de Moel, devido à circulação de carrinhos de bebés."

Recorde-se que Pinhal das Artes realiza-se, há vários anos, na mata de São Pedro de Moel numa zona que embora rodeada de pinheiro, apenas tem eucalipto, acácia e flora infestante, tendo tido sempre autorização para ser realizado. Agora, um dos argumento utilizados é o de que as rodas dos carrinhos de bebé podem prejudicar as raízes.

O director artístico do festival de artes para a primeira infância, Paulo Lameiro, em comunicado, apela ao público para que faça chegar aos decisores, através dos emails publicados em baixo, "o testemunho do que é o Pinhal das Artes, e a indignação pela proibição do evento que desde 2007 encanta tantas famílias, e já agora, promove de forma única, acreditamos, este património de que tanto gostamos ao ponto de o escolher para realizar o maior evento SAMP, o Pinhal de Leiria/Pinhal do Rei."

Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural - Amândio Torres - gabinete.sefdr@mafdr.gov.pt

Director regional de Florestas do Centro - Viriato Garcez - drf.centro@afn.min-agricultura.pt

Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral - drf.centro@afn.min-agricultura.pt

Leia o comunicado completo da SAMP sobre o assunto:

Para grande surpresa da Sociedade Artística Musical dos Pousos, centenas de voluntários e artistas, e muitos milhares de famílias nacionais e europeias, há muito com agendas programadas, fomos informados que não se poderá realizar o Pinhal das Artes.

O evento agora com periodicidade bienal, organizado pela SAMP em parceria com a Câmara Municipal da Marinha Grande, estava agendado para dias 1 a 10 de Julho de 2016, no “Lugar das Árvores, Pinhal de Leiria, em São Pedro de Moel.

Fomos obrigados a cancelar a edição de 2016 porque os serviços competentes, Departamento Regional das Florestas do Centro - Engenheiro Rui Rosmaninho, e a Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral, Engenheira Rita Gomes, nos informou não ser possível realizar o mesmo pelos riscos de segurança inerentes ao evento, e pelo facto da intervenção deste projecto colocar em risco a fauna e flora do local, com a circulação dos muitos carrinhos de bebés que acorrem já de todo o país, e da Europa, até ao Pinhal de Leiria no início do mês de Julho a cada dois anos.

Desde o início do Pinhal das Artes que tivemos como preocupação a segurança e salvaguarda deste património único no nosso país. Por isso ajustámos toda a programação artística e meios de produção ao local em causa, não só pelo modus operandi e formato de todo o evento, como integrando na programação uma forte componente de educação ambiental e respeito pelo nosso património natural. São disso exemplo os percursos pedestres, a observação de fósseis, os espaços de permacultura, a observação de estrelas, a observação e audição de pássaros, a construção de brinquedos da floresta, até ao "passeio de alfaces em carrinhos de bebé” pelo recinto do festival. Todas as infra-estruturas para os espectáculos são feitas tendo por base os elementos naturais do espaço, e envolvendo neste processo mais de 200 voluntários que um mês antes limpam a mata cortando infestantes que se usam para delimitar as zonas de actuação. Os mesmos voluntários constroem e mantêm durante o eventos os wc ecológicos que reforçam os cuidados com o ambiente. Compramos e distribuímos gratuitamente a cada família pequenos pinheiros com as indicações (fornecidas pela Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral) de como manter, quais as épocas e locais adequados à sua plantação. Sintetizando, procurámos ao longo de todas as edições desde 2007 construir um evento dedicado às Artes e à Natureza, promovendo este património em concreto do Pinhal de Leiria, e não conseguimos compreender os argumentos até agora usados pelos responsáveis dos serviços, que no passado mês de Novembro informaram esta instituição da impossibilidade de realizar o evento no local onde tem decorrido.

Somos uma Instituição de Utilidade Pública que tem investido nos últimos anos muitas dezenas de milhar de euros para realizar o Pinhal das Artes, só possível com o serviço de voluntariado de muitas centenas de pessoas e dos próprios artistas, bem como de muitas dezenas de empresas e instituições públicas e privadas. Nunca a bilheteira deste festival conseguiu cobrir minimamente os necessários custos que lhe estão associados, como sabem todos os parceiros. Somos os primeiros a querer salvaguardar a segurança, preservação e promoção deste património, que escolhemos entre muitos outros locais para realizar o Pinhal das Artes. Pedimos por isso uma audiência ao Senhor Secretário de Estado da tutela, e se depois de apresentados todos os aspectos de produção do evento, nos forem apresentados argumentos que efectivamente hipotequem essa segurança, seremos os primeiros a partir para outra solução. Contudo, neste momento, e porque o espaço do evento é parte integrante da identidade do Pinhal das Artes, tendo em conta o calendário de produção inerente à sua realização, somos levados a cancelar a próxima edição que teria lugar de 1 a 10 de Julho de 2016. É certo que nos foi proposto escolher um outro local, o que está fora de questão para o Pinhal das Artes, pois a escolha do Lugar das Árvores, onde actualmente decorre, foi fruto de um cuidadoso estudo que contempla segurança, transportes, alojamento, saúde, e implantação de toda a infra-estrutura de forma a distribuir pela maior área possível as zonas de actuação e de serviços, e assim não sobrecarregar com os riscos inerentes uma área mais compacta. Também não conseguimos perceber como os argumentos de segurança e preservação da natureza apresentados como impedimento podem ser superados numa outra zona do Pinhal de Leiria.

Muito lamentamos a toda a comunidade por este cancelamento, mas não nos resta alternativa para a edição de 2016.

O director artístico do Pinhal das Artes
Paulo Lameiro