Sociedade

Estabilização das arribas da Nazaré será feita em oito meses

26 jan 2023 09:16

Agência Portuguesa do Ambiente apresentou ontem o investimento de cerca de 1,7 milhões de euros

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Secretário de Estado do Ambiente realçou ontem a importância do projecto, na Nazaré
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 A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) apresentou, ontem, na Nazaré, o Projecto para a Estabilização das Arribas, um investimento de 1.697.400,00€ (IVA incluído) para realizar em oito meses, que irá intervir numa extensão desde o miradouro em frente ao largo de Nossa Senhora da Nazaré até à envolvente da plataforma superior do ascensor.

Segundo nota de imprensa enviada pela autarquia, Pimenta Machado, vice-presidente da APA, explicou que "a intervenção visa a estabilização das arribas na zona do Sítio e envolvente da plataforma superior do ascensor, funcionando como acção preventiva, ao actuar directamente sobre os locais onde os diversos tipos de instabilizações são mais evidentes, garantindo a segurança de pessoas e bens".

A área a intervir apresenta, actualmente, vários sinais de instabilidade devido à sua exposição à erosão, o que tem causado a queda de blocos e desmoronamento/e derrocadas pela encosta, contextualiza o município.

"Na zona de intervenção 1, onde se localiza o miradouro do Largo de N. S. Nazaré, será feita a remoção de muros existentes, saneamento e limpeza, e criada uma plataforma suspensa no Bico da Memória, onde a observação da praia e das praias passa a ser feito, retirando a sobrecarga actualmente existente sobre a arriba. Será, ainda, construída uma nova barreira, removidos os depósitos de material e vegetação, e instaladas caleiras de pavimento para a recolha e coleta das águas pluviais", expõe a autarquia.

Na zona de intervenção sobre o ascensor, a intervenção prevista passa "pelo saneamento, limpeza e remoção detritos e blocos soltos; remoção de depósitos de material e limpeza das superfícies, execução de muros de revestimento em alvenaria de pedra para preencher cavidades, instalação de rede metálica de protecção reforçada; barreira dinâmica flexível para protecção do canal do ascensor e uma vala intercetora do percurso de escorrência das águas pluviais", prossegue a câmara.

O presidente do Município da Nazaré, Walter Chicharro, disse que esta é “uma obra muito ansiada e necessária”, uma vez que se trata de uma área de forte concentração de pessoas que se deslocam à Nazaré em turismo ou visitas pontuais, movidos pela curiosidade de conhecer a onda gigante da praia do Norte, “que tanto tem promovido Portugal lá fora”, tendo apelado a que a mesma seja feita de forma coordenada com a autarquia.

“O primeiro projecto que conhecemos não contemplava a zona da arriba por cima do ascensor. Acredito que foi o alerta do município que levou a APA a incluir esta zona e a reformular o projecto”, afirmou o autarca, reforçando a necessidade de coordenação das intervenções planeadas com a autarquia “a bem da sua realização e dos que dela irão usufruir no futuro”.

O presidente aproveitou a presença de vários representantes da APA e programas de financiamento para se referir à estrada do farol “uma das mais frequentadas do País, onde as arribas também devem ser olhadas com atenção.”

Por sua vez, o secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, manifestou satisfação por este passo estar a ser dado. “A presente intervenção conduzida pela APA traduz-se num investimento de cerca de 1,7 milhões de euros em dois locais distintos, mas igualmente importantes, como são o Sítio da Nazaré e a zona envolvente da zona superior do ascensor, prevendo todas as condições de acesso e permanência a quem é atraído a este património que dá corpo ao famoso milagre da Nazaré, um dos lugares mais emblemáticos da região", declarou.

"Estou, por isso, confiante que rapidamente veremos o resultado deste esforço conjunto e que esta obra juntar-se-á a um catálogo de outras intervenções da APA já realizadas ou em curso", prosseguiu.

Até à data, foi feito investimento nos esporões do rio Alcoa (3,8 milhões de euros) no concelho da Nazaré; a reabilitação dos esporões do Rio Liz (1,5 milhões) e a dragagem da lagoa de Óbidos (14,7 milhões), que perfazem um investimento de 21,250 milhões de euros na região, inseridos num investimento global de 140 milhões projectado para o litoral, previsto no POSEUR, destinado a fazer face aos desafios que as alterações climáticas convocam, recordou.

“É fundamental encarar a adaptação às alterações climáticas em todas as vertentes: prevenção, protecção, e acomodação, tornando o território mais resiliente e adaptado,” disse o secretário de Estado.

Nos últimos 60 anos, Portugal perdeu 13,3 quilómetros quadrados de território devido ao efeito das alterações climáticas e subida dos níveis de água, tendo o governante destacado, por isso, a importância das intervenções no âmbito dos Programas de Orla Costeira (POC), do Programa COSMO e do Plano de Ação Litoral XXI.