Viver

"Desejo secretamente que alguns comentadores de coisa nenhuma fiquem afónicos por um ano”

7 jan 2024 19:00

Palavra de Honra com Inês Ferreira, directora-executiva do Te-Ato.

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Inês Ferreira

Já não há paciência… para as repetidas vezes que se ouvem as mesmas notícias e sem desenvolvimentos. Ora se fala do Médio-Oriente ou se fala de futebol e política. De espectáculos, eventos, teatro e artes só se vê num canal e em horário específico.

Detesto… a obrigatoriedade de se cumprirem os horários de trabalho sendo que a produtividade, criatividade, desenvolvimento não têm horários.

A ideia… de que um dia se ultrapasse o provincianismo de encher salas de espectáculo só porque actuam actores do mainstream e se valorize a qualidade do que se produz localmente.

Questiono-me se…. voltaremos a dignificar a cultura nacional ao invés de consumirmos produtos requentados.

Adoro... sair de moto e viajar, explorar Portugal, os recantos e as gentes de cada lugar. Assim como conhecer os monumentos e os bons tascos para se comer.

Lembro-me tantas vezes… da infância. Como se pode esquecer a liberdade de viver no meio da natureza, ir a pé para a escola e o maior perigo ser uma pinha que cai ou um caçador que nos confunde com o javali!?

Desejo secretamente… que alguns comentadores de coisa nenhuma fiquem afónicos por um ano para podermos pensar em silêncio.

Tenho saudades… de pregar partidas na inocência de ser criança. Brincar aos amigos imaginários e percorrer o mundo a andar de bicicleta com o mano (na verdade eram apenas as aldeias vizinhas).

O medo que tive… quando comprei habitação própria e vi as taxas Euribor a subir sem parar.

Sinto vergonha alheia… quando alguém se põe em bicos dos pés e se finge mais do que é.

O futuro… para mim é o presente! Com a direcção do Te-ato tive que aprender a olhar para o futuro, já estamos em Julho de 2024. Temos que programar com um ano de antecedência e fazer figas para quando chegarem as despesas nada tenha corrido mal.

Se eu encontrar… um pedido de ajuda que tenha a capacidade e possibilidades de responder. Seja a pagar a conta do supermercado, a levar os sacos, a dar boleia, ou simplesmente sentar-me a ouvir quem quer falar. Já aconteceram e foi muito gratificante.

Prometo… levar o Te-Ato, Grupo de Teatro de Leiria a ser uma das casas onde mora a cultura em Leiria.

Tenho orgulho…em mim e quem me rodeia que permite eu ser quem sou!