Opinião

Venham mais eleições

31 ago 2017 00:00

Por vezes dá vontade de propor que os ciclos eleitorais passem a anuais.

Não, obviamente, para termos mais barulho político carregado de demagogia e de acusações, mas sim porque com o aproximar das eleições tudo parece acontecer. Num ápice, após três anos de depressão, como que por milagre, tudo se torna possível.

O investimento público aumenta, os impostos descem, os apoios sociais são repostos. As promessas, essas, surgem em catadupa, mesmo que a maioria não seja para cumprir, contando-se com a fraca memória do eleitorado.

Toda esta lógica que impera na política portuguesa terá por trás, aliás, a característica de curto prazo da memória das pessoas, que normalmente fazem avaliações apenas sobre o passado recente.

E assim, cá temos um País ainda a emergir de uma crise profunda a comportar-se como se estivesse plenamente confortável com as suas finanças, parecendo haver dinheiro para tudo.

Não há que apontar o dedo a este partido ou àquele, a este político ou a outro, pois raros são os que se comportam de outra forma. O caso de Leiria é um bom exemplo do que falamos, com os últimos meses a terem anunciado quase tudo o que se andou a adiar durante anos.

Eis, pois, que após uma longa travessia no deserto, Leiria viu a Câmara comprar o edifício do Paço (onde funcionou a Zara), fazer a adjudicação do jardim da Almoínha Grande, vender parte do topo Norte do estádio e lançar o concurso de arquitectura para o pavilhão multiusos, além do anúncio de que o castelo será brindado com dois acessos mecânicos.

A juntar a tudo isto, entre outras coisas menores, há a compra dos terrenos para a zona industrial de Monte Redondo (notícia na última página) e a descida dos impostos municipais. Pois, é… não fosse o risco de vermos o País coberto de rotundas, assim até compensava ter eleições todos os anos.

 

Invocada frequentemente neste espaço aquando de reflexões sobre as inúmeras atrocidades que acontecem por esse Mundo fora, a natureza humana deve também ser referida quando mostra toda a sua grandiosidade e humanismo.

Felizmente, na eterna batalha entre o bem e o mal, o bem nem sempre perde, conseguindo-se impor no íntimo de milhões de pessoas, cuja natureza nada tem a ver com a dos cretinos, que de humanos pouco têm, que continuam a perpetuar o sofrimento e a miséria.

Será entre estes que se encontra a maioria dos que fazem do voluntariado uma forma de ajudar os outros, de que é exemplo expoente o caso dos bombeiros que, a troco de quase nada em termos materiais, têm uma missão absolutamente fulcral na nossa sociedade.

São pessoas que abdicam de férias, de momentos em família e de actividades de lazer para ajudar onde são necessários, acorrendo a locais de onde a maioria foge, confrontando-se com cenários traumáticos, vivendo o que muitos nem imaginam que possa existir.Frequentemente colocam as suas vidas em risco e sofrem mazelas para a vida, sejam físicas ou psicológicas, tudo pelos outros.

Se pararmos um pouco para pensar, chegaremos à conclusão que em cada bombeiro há um pouco de herói, apesar de raramente merecerem o reconhecimento, para não dizer respeito, devido. No mínimo, merecem um grande obrigado!

*Director do Jornal de Leiria