Opinião

São Brás, na Nazaré

2 fev 2017 00:00

Segundo se sabe, São Brás sucedeu a uma divindade oriental chamada Belcano, relacionada com o fogo e com o sol, o qual, por sua vez, derivou no deus romano Vulcano, «inventor do fogo e das forjas».

O 3 de Fevereiro é o dia de São Brás. A vila da Nazaré quase se esvazia para ir passar o dia a um pinhal da Pederneira, no sopé do monte de São Brás (ou de São Bartolomeu) onde acampa com mantas, mesas e fogareiros. É o «entrudo dos pexinos» como dizem os de fora. E não será para uma liturgia católica.

Em Portugal há 45 topónimos São Brás, sobretudo a sul do Mondego, Pouco se sabe deste santo. A sua bibliografia católica pouco mais diz do que viveu na actual Turquia e que foi martirizado sob o imperador Diocleciano. Mas os santos dessa época são frequentemente fictícios. Uma lenda diz que curou uma mulher duma ferida na garganta e que secou a água onde o quiseram afogar. Entre nós, representa-se vestido de bispo, mostrando as palmas das mãos tingidas de vermelho, a cor do fogo.

A 2 de Fevereiro, no passado, o povo português celebrou com a mesma intensidade Nª Sª das Candeias, com procissões de luminárias. Segundo a documentação, esta festa católica substituiu um culto nocturno pagão relacionado com a libertação do inferno de uma divindade. Como o povo cristão de Roma não resistia à celebração deste poético culto pagão, o papa Sérgio consentiu que os cristãos participassem no culto pagão mas - veja-se bem - «mudandolhe a intenção», donde a festa da Purificação de Nª Sª, ou das Candeias.

Segundo se sabe, São Brás sucedeu a uma divindade oriental chamada Belcano, relacionada com o fogo e com o sol, o qual, por sua vez, derivou no deus romano Vulcano, «inventor do fogo e das forjas». Por isso, São Brás se representa com a palma das mãos tingidas de vermelho, como o fogo. O nome oriental do seu antecessor, Velcano (Bel kan), significou «senhor da justiça, do direiro», título atribuído ao deus Sol (Sol de Justiça).

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*Sociólogo