Opinião

Ocidente não se preocupa com os ucranianos

11 fev 2023 11:36

Será preciso esperar pelo fim do conflito para os ucranianos e o público em geral tomarem consciência da dimensão catastrófica das baixas e da destruição total do país com as terras mais férteis da Europa?

O número de mortos da guerra na Ucrânia é arrasador, absolutamente inaceitável num mundo “supostamente desenvolvido”. De acordo com um órgão de comunicação Turco “Hurseda Haber” que publicou um relatório da Mossad, secreta israelita, sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, só na cidade ucraniana de Bakhmut a Ucrânia perdeu entre 14 e 20 brigadas, ou seja, 76.000 homens sendo uma parte significativa mortos.

O mesmo relatório aponta para baixas do lado ucraniano de 234.000 mortes, 157.000 feridos e 17.320 prisioneiros. Do lado russo os números são de 18.480 mortos, 44.500 feridos e 3.323 prisioneiros. Importa acrescentar as baixas de 5.360 mercenários ocidentais, 2.458 militares de diferentes países da NATO e 234 instrutores da NATO.

Infelizmente, nos próximos meses estes números serão ainda mais avassaladores. Ambas as partes parecem estar apenas concentradas em aumentar as atividades militares e tornar a guerra ainda mais sanguinária.

A Rússia irá provavelmente avançar com uma grande ofensiva para controlar as regiões da Ucrânia que considera historicamente suas e a Ucrânia, após a chegada dos meios militares prometidos pelo ocidente, irá iniciar uma contraofensiva para recuperar as fronteiras que tinha em 2014 o que incluí a Crimeia, reintegrada na Rússia em 2014.

O Ocidente parece “nada fazer” para evitar tornar este conflito cada dia mais violento. Infelizmente, a comunicação social continua a ser totalmente parcial. Comentadores, ex-militares, professores de relações internacionais e “especialistas em tudo”, como José Milhazes ou Nuno Rogeiro, mentem todos os dias. Tentam construir uma narrativa sobre o conflito que não corresponde à verdade.

Quem ler ou ouvir as notícias em Portugal fica com uma ideia de que os ucranianos estão quase a ganhar a guerra e que as baixas russas são muito maiores do que as ucranianas o que, infelizmente, é uma mentira como os dados do relatório da Mossad mostram.

Não é a desinformar que vamos ter um resultado diferente no conflito na Ucrânia. Será que quem desinforma pretende ajudar a “construir” uma narrativa que leva as pessoas a “aceitarem” como inevitável um conflito alargado na Europa?

Será preciso esperar pelo fim do conflito para os ucranianos e o público em geral tomarem consciência da dimensão catastrófica das baixas e da destruição total do país com as terras mais férteis da Europa?

Será que é difícil compreender que um país em particular lucra com este conflito como afirmou Pierre De Gaulle (neto do general De Gaulle): “Os americanos cortaram as boas relações entre a Europa e a Rússia, colocaram os europeus contra os russos. Por que o fizeram? Porque a Europa, em aliança com a Rússia, poderia ser um bloco forte política e economicamente, cultural e socialmente”.