Opinião

O perigo inflacionista

29 nov 2021 15:45

A economia portuguesa não consegue suportar o nível de vida dos cidadãos e os gastos da máquina do Estado

Por um processo contínuo de inflação, os governos podem confiscar, sem serem observados, uma parte importante da riqueza dos seus cidadãos.” - John Maynard Keynes, economista

Em Outubro de 2021, a taxa de inflação para a União Europeia foi de 4,4%, situação que não se verificava há pelo menos uma década.

Uma das incumbências do Banco Central Europeu é manter a inflação controlada, designadamente, que a médio prazo não ultrapasse 2%, mas o que está a acontecer para a taxa se situar no dobro do que é recomendável?

Segundo Cristine Lagarde, a subida atual da inflação prende-se com razões relacionadas com o preço da energia, a reabertura da economia após prolongados confinamentos, adaptações de vários setores a novas tecnologias e a reposição da taxa normal de IVA na Alemanha.

Mensalmente os departamentos oficiais de estatística de cada país são responsáveis por avaliar os atos que originam trocas entre os agentes económicos e, subsequentemente, os bancos centrais emitem moeda para que a quantidade em circulação seja suficiente para fazer face aos pagamentos e recebimentos.

Caso a produção de moeda seja superior ao nível de criação de riqueza originam-se riscos de inflação, o que provoca o aumento generalizado dos preços dos bens.

Mais uma vez, a resposta para enfrentar a crise tem sido o aumento do endividamento dos Estados, direta ou indiretamente financiados pelos bancos centrais que emitem dinheiro como se não houvesse amanhã.

As repercussões desta opção de política monetária são brutais na vida de cidadãos e empresas, os Estados confrontam-se com dívidas públicas crescentes e têm de aplicar cada vez mais impostos, massacrando a classe média e por outro lado surgem os riscos de bolhas de especulação bolsista e imobiliária bem como taxas de inflação galopantes e duradouras.

Nesta medida, iremos assistir a uma nova política de congelamento de ativos em que os bancos e os fundos de investimento irão utilizar os valores detidos para reforço dos seus indicadores, sendo que os depositantes vão ser sujeitos a moratórias nos levantamentos de dinheiro.

O ponto é o seguinte: a economia portuguesa, a par de outras, não consegue suportar o nível de vida dos cidadãos e os gastos da máquina do Estado.

Uma vez que a sociedade não está disposta a retroceder em matéria de bem-estar, consumismo e materialismo, a única opção que nos resta, e de que temos fugido a sete pés nos últimos quarenta anos, é levar a cabo reformas estruturais no nosso País, profundas e decisivas que promovam a meritocracia, o desenvolvimento, o crescimento, a criação de riqueza real e efetiva, sob pena de continuarmos no marasmo económico e social ininterruptamente.