Opinião

Música | Histórias em movimento

31 out 2020 20:00

Trago-vos hoje mais um autor do Canadá

Ian Wong é um pianista e compositor que rapidamente vai explodindo no universo do streaming, contando já com uma média mensal de ouvintes no Spotify que não tardará a atingir o meio milhão. São números impressionantes, até porque Ian não tem ainda uma vasta discografia que, porventura, justificasse tal alcance.

Por entre singles que vai partilhando, há ainda apenas um álbum (e com apenas 23 minutos de duração), intitulado Stories in Motion. No entanto, e por mais que subestimamos o poder das playlists naquela plataforma de streaming - e até vejamos isto caricaturizado em algum conteúdo publicitário no Facebook -, a verdade é que com a inclusão periódica de temas seus em playlists editoriais que chegam a um público vasto, como Peaceful Piano, ou a Sleep Sounds, da Apple Music, é natural e perfeitamente expectável que o número de seguidores cresça exponencialmente.

Ian tem ainda o cuidado de permitir a compra de partituras suas através da sua página na internet, essencialmente para piano a solo, o que nos dias de hoje é também um motivo de satisfação e entusiasmo para aquele público com formação musical e mais atento, ávido de interpretar peças de jovens compositores que apreciam e acompanham.

Stories in Motion é um título que é por si bem indicativo do enredo musical que encontramos neste disco, trazido por uma série de peças bem visuais para piano a solo que são no mínimo reminiscentes do trabalho do sul-coreano Yiruma, famosíssimo pela suas obras com estruturas que lembram a música popular mas que derivam do universo clássico. Basta pensar em River Flows In You ou Kiss The Rain.

Facilmente enquadrado nos géneros musicais de new-age e new-classical, Stories in Motion é um disco profundamente introspectivo e de fácil audição. Assertivamente melódico (ao contrário de uma outra parte menos visível de Ian que é mais experimental) e muito descritivo, é na prática quase um compêndio de temas principais de várias bandas-sonoras por existir.

Natural de Kingston, produz ainda regularmente para outros dois projectos, de nomes Moonlight Echoes e Amity Fall. Não conheço estes lançamentos a fundo mas pelo pouco que tive oportunidade de escutar, parece-me apenas uma natural derivação do trabalho que aqui desvendamos no disco em apreço.

A inspiração parece brotar de vários géneros musicais, embora a materialização da mesma evidencie o recurso a elementos do clássico e do jazz, pontuados por aquele minimalismo a que já vos habituei, sendo que nas actuações ao vivo há também muito improviso.

Dada a enorme visibilidade (e natural popularidade) da sua obra, Ian tem conseguido ainda licenciar muito do seu trabalho para o audiovisual, quer para televisão quer para o grande ecrã.

Bem bonito este álbum, pode não surpreender tanto como outros trabalhos que tenho vindo a partilhar neste espaço, de autores com uma vincada personalidade musical - pois talvez peque um pouco em originalidade -, será ainda assim uma óptima companhia."