Opinião

Balde de água fria

13 mai 2016 00:00

Há três semanas, o primeiro-ministro foi confrontado com o desejo da região de que o Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria) passe a universidade.

Quando veio a Leiria, há três semanas, o primeiro-ministro foi confrontado com o desejo da região de que o Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria) passe a universidade. No jantar-conferência em que foi orador, este assunto foi referido pelos presidentes da Câmara de Leiria e da Nerlei.

Sobre ele, nem uma palavra da parte de António Costa, que reconheceu, no entanto, tratar-se de uma “instituição exemplar”. Anteontem, em visita ao IPLeiria, Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, não esteve com papas na língua: não é intenção do Governo transformar o politécnico em universidade. Um balde de água fria que, ainda assim, poderá não desmotivar os responsáveis do IPLeiria.

“Sabemos que é um caminho longo, e que não é simples, mas assumimos que é um caminho que queremos fazer”, diz Nuno Mangas ao JORNAL DE LEIRIA. Ainda no que toca a ensino/educação, nesta edição damos conta do protesto que na semana passada mobilizou alunos, pais e docentes dos colégios com contrato de associação.

Reivindicam que o governo cumpra os contratos plurianuais assinados no ano passado, que asseguravam as turmas de início de ciclo por três anos lectivos, sem restrição geográfica. Defendem ainda que possa haver liberdade de escolha, para que os pais possam optar pelo projecto educativo que consideram melhor para os seus filhos. Muito haveria a dizer sobre liberdade de escolha.

Na verdade, nem todos podem realmente escolher a instituição de ensino em que gostariam de colocar os seus filhos. Ou melhor, até podem, mas eles normalmente acabam na escola da área da residência. Sem que, na maioria dos casos, se saiba, ou queira saber, se há alguém que possa ir buscar os miúdos à escola lá para as cinco da tarde, hora a que normalmente as escolas terminam as aulas e a que os pais ainda estão a trabalhar.

O acesso à educação é um direito consagrado na Constituição e foi o próprio Estado que delegou nos privados essa tarefa quando não conseguia assegurá-la. O problema, como infelizmente em muitos outros aspectos neste País, foi a falta de planeamento e de coordenação, que permitiu que fossem construídos novos colégios junto a escolas públicas já existentes, e vice-versa.

E, mais tarde, a falta de fiscalização, que permitiu que proliferassem inúmeros maus exemplos de gestão dos dinheiros públicos. Depois, quando é preciso cortar, paga o justo pelo pecador, como diz o ditado.

*Raquel de Sousa Silva

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