Opinião

Avós sem cabelos brancos

27 jul 2017 00:00

Estudos que se prolongam, carreira, estabilidade, conforto financeiro…

Pode ser extensa a lista de critérios que uma mulher tenta ver assegurados antes de pensar em ser mãe. Por isso, à medida que as décadas avançam, aumenta a idade média da mãe aquando do nascimento do primeiro filho.

Em 2015 já ultrapassava os 30 anos, quando em 2000 era de 26,5 anos. A par desta tendência há, também, cada vez mais mulheres a serem mães depois dos 50. Entre 2001 e 2015, nasceram em Portugal 94 bebés cujas mães já tinham mais de meio século de vida.

Embora tendam a aumentar, serão ainda uma minoria, tal como o são as avós muito jovens, em idades em que ainda poderiam ser mães.

Ontem comemorou-se o Dia dos Avós e o JORNAL DE LEIRIA foi conhecer os medos, as preocupações e as alegrias de quem viu nascer netos quando ainda podia ser mãe, ou pai.

Choque foi um dos sentimentos comuns aos vários protagonistas das estórias que contamos. Mas, ultrapassado este primeiro impacto, veio a alegria e o natural instinto de ajudar os filhos, às vezes ainda adolescentes, a assegurar da melhor forma o exigente papel de progenitores.

Num país cada vez mais envelhecido como é Portugal, estas avós sem cabelos brancos têm naturalmente mais energia para as brincadeiras dos netos, mas menos disponibilidade para os acompanharem, por estarem ainda em idade activa, o que implica obrigações profissionais, por um lado, mas também desejos pessoais que tencionam realizar.

 

Ontem, mais de cinco séculos depois da expulsão do povo hebraico, a sua herança voltou àquela que foi a sua casa em Leiria, com a inauguração do Centro de Diálogo Intercultural (CDIL), na Igreja da Misericórdia, construída em cima da antiga sinagoga judaica, que terá sido uma das mais importantes do País.

Uma das principais mensagens que o CDIL pretende transmitir é o argumento de paz e entendimento entre povos, em especial o judeu, o cristão e o muçulmano. Povos que terão certamente muito a uni-los, mas a maioria das pessoas desconhecerá esse legado comum.

E a ignorância leva, vezes de mais, à rejeição do outro, dos seus usos e costumes, como infelizmente se tem visto pelos ataques que se multiplicam por esse mundo fora.

Espera-se que o Centro de Diálogo Intercultural de Leiria, que além da Igreja da Misericórdia funciona também na Casa dos Pintores (e no qual é possível, por exemplo, ver as diferenças entre uma casa cristã e uma judaica ou ver uma réplica da prensa utilizada por Gutenberg para imprimir a Bíblia), venha a tornar-se numa das principais atracções turísticas de Leiria.

Mais um motivo de visita que, esperemos, ajudará a tornar a cidade um ponto de referência obrigatório no roteiro dos milhares de turistas que visitam a região mas que, mais vezes do que seria desejável, não devotam à capital de distrito mais do que uma passagem rápida.