Opinião

Arrumar os gestos

17 jan 2019 00:00

Acredito que o relógio nos trai mais vezes do que aquelas que damos conta e por via disso amiúde dizemos que andamos a correr contra o tempo.

Na volta do calendário que marca um novo ano inspiramo-nos de compromissos. Quase sempre decisões que vimos adiando ano após ano, mudanças de vulto que temos intenção de levar a cabo mas que para as concretizar necessitamos de um ponto marcante de viragem.

Apontamos o instante da passagem de ano como momento mágico para a transformação. Mas acontece que o instante seguinte ao primeiro segundo é o início de outros que se seguem e o tempo para a concretização se estende por mais um ano.

Mal damos por ela estamos de novo na passagem de mais um ano e a comprometermonos, uma vez mais, com as tarefas que adiámos. Como já levo anos suficientes deste engano e outros tantos de desengano, resolvi, por ora, não me comprometer comigo mesmo no que a grandes projetos diz respeito. Quanto muito coisas pequenas e possíveis.

Pequenos gestos como o são todos aqueles de que são feitos os dias, ao invés das grandes mudanças que ficam sempre aquém do nosso comprometimento primeiro. Assumir o possível mais que embarcar na fantasia do irrealizável. Resignação, nunca!

E dos pequenos gestos que falo, arrumar o gesto do tempo parece-me ser dos mais importantes. Acredito que o relógio nos trai mais vezes do que aquelas que damos conta e por via disso amiúde dizemos que andamos a correr contra o tempo.

É uma luta desigual porque por mais que tentemos parar os relógios não conseguimos parar o tempo. Assim, parece-me mais sensato decidir do tempo, do nosso tempo, daquele que dispomos e tão pouco usamos.

Se não veja-se quantos intervalos de tempo gastamos sem fazer nada. Atente-se que não fazer nada é diferente de fazer nada. O primeiro é tempo inútil, o segundo é tempo dedicado a usufruir.

Gastar tempo em fazer nada é o tempo inútil. Aquele que consumimos, por exemplo, basbaques em frente ao televisor no intervalo de um program

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