Opinião

Aeroporto de Lisboa: Tudo como dantes

30 jun 2023 10:35

O “inefável” ministro (ainda!) João Galamba deve ter descoberto que, nos últimos tempos, Santarém se afastou de Lisboa

Meu Caro Zé, 
Nem sei como exprimir o amargo espanto dos ataques à inteligência e ao bom senso neste nosso(?) Portugal. O que é escolher? Como se escolhe? Creio que, em primeiro lugar, há que definir quais as escolhas possíveis, isto é, em linguagem matemática, definir o “conjunto de oportunidades”. Isto quer dizer que não vale a pena estudar uma alternativa que não tenha sentido! Afinal estou enganado!

O “inefável” ministro (ainda!) João Galamba deve ter descoberto que, nos últimos tempos, Santarém se afastou de Lisboa. E lá voltámos, “tragédia” de há mais de 50 anos, ao aeroporto de Lisboa.

Recentemente deram-nos a garantia de que “desta vez é que é” e foram escolhidas para estudo várias alternativas, algumas das quais necessariamente eliminadas, restando 5, para avaliação final, uma das quais incorporando Santarém. Eis senão quando o Senhor Ministro da Tutela descobre que “Santarém é muito longe”.

Ora se é muito longe, não era muito longe já antes da decisão de escolha para “finalista da avaliação”? Não colhe o vir, depois, dizer que é apenas a sua opinião, pois não deu qualquer opinião sobre outros critérios relevantes para a decisão final.

Todos percebemos que, na sua cabeça, Santarém não era alternativa. Então porque é que não interveio antes e deixou estudar situações espúrias? E como é que a Senhora Presidente da Comissão de Avaliação diz que tal posição não tem qualquer influência nos trabalhos da Comissão? Admitindo que a não tenha, o que não é fácil de aceitar, a quem cabe a decisão? O Senhor Ministro da Tutela não terá nada a ver com ela? Não estaremos perante, uma vez mais, um estudo (que todos pagamos) espúrio?

A minha referência a “uma vez mais” resulta de, no final da década de 80 do século passado, se ter feito um estudo (que custou muitos milhares de “contos”) que identificou a Ota e Rio Frio como duas alternativas possíveis.

Foi, depois, pedido um estudo centrado na comparação dos efeitos económicos de cada uma das alternativas, em que eu participei, e quando, numa apresentação pública do estudo, se referiu a Ota, alguém de enorme responsabilidade no campo da aeronáutica, afirmou que a Ota não servia porque as condições necessárias para o bom funcionamento de um aeroporto não estavam conseguidas.

Só perguntei, então, porquê fazer um estudo de uma alternativa que não é? E tudo se repete! Com que consequências e responsabilização? Antes, como hoje, nenhumas! Pobre País.

Até sempre