Opinião

A caminho do euro digital

20 set 2021 15:45

O Banco Central Europeu lançou o projeto-piloto para lançamento da primeira criptomoeda com chancela da União Europeia

A pandemia de Covid-19 veio acelerar o modo como a tecnologia e a inovação estão a influenciar os padrões de consumo, trabalho e relacionamento.

Nesta medida, o Banco Central Europeu lançou o projeto-piloto para lançamento da primeira criptomoeda com chancela da União Europeia.

O projeto tem a duração estimada de cinco anos até à eventual emissão do primeiro euro digital e entra em outubro na fase de investigação que deverá durar dois anos e tem como propósito analisar o impacto no mercado e as eventuais alterações à legislação europeia.

O objetivo é tornar a criptomoeda acessível a todos os cidadãos e empresas, com o mesmo valor facial do euro físico no sentido de o complementar, sem substituição das notas e moedas tradicionais.

É de aplaudir este movimento, uma vez que garante a continuação do acesso gratuito dos cidadãos da área do euro a um meio de pagamento simples, universalmente aceite, seguro e fiável.

A adoção do criptoeuro tem inúmeras vantagens, designadamente, apoiar a digitalização da economia europeia e fomentar a inovação nos pagamentos de retalho.

De salientar que a instalação de um euro digital permite conciliar a eficiência de um instrumento de pagamento digital com a segurança da moeda do banco central, para além de evitar a dependência de meios de pagamento digitais emitidos e controlados fora da zona do euro, o que pode comprometer a estabilidade financeira e a soberania monetária.

O euro digital enquanto moeda do banco central difere substancialmente dos criptoativos, caracterizados por preços voláteis que dificultam a sua utilização como meio de pagamento ou unidade de conta.

Vejamos o caso da Bitcoin, um ativo especulativo, materializado num código digital transacionado por via eletrónica, sendo as unidades de Bitcoin criadas e rastreadas por uma rede de computadores, através de fórmulas matemáticas complexas.

A verdade é que o sistema de pagamentos está a mudar em aspetos fundamentais e os bancos centrais desempenham um papel essencial no processo, razão pela qual devem ser apoiados por um mercado competitivo e inovador, capaz de satisfazer as necessidades dos consumidores e, ao mesmo tempo, preservar a soberania europeia.

Na outra face da moeda, a evolução tecnológica e a mudança de hábitos dos clientes bancários conduzirão a um aumento ainda mais significativo dos despedimentos através de reformas antecipadas e rescisões de contratos.

A redução de estruturas com a saída de trabalhadores e o fecho de agências é comum a toda a banca europeia e reporta à crise de 2008 e deverá ganhar agora nova força, alavancada na crise pandémica.

 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990