Sociedade

Suspeito de homicídio da mulher no Bombarral diz estar inocente

15 mai 2019 00:00

O arguido, que aguarda julgamento em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Caxias, está acusado dos crimes de violência doméstica, homicídio qualificado e profanação de cadáver.

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O homem acusado de homicídio qualificado da mulher, profanação de cadáver e violência doméstica, em Julho de 2018, no Bombarral, contrariou hoje, no Tribunal de Leiria, a maioria das acusações do Ministério Público.

O arguido, de 50 anos, pedreiro, disse ao coletivo de juízes que não matou a mulher e recusou as diversas agressões sobre a vítima que constam de relatórios médicos anexos na acusação.

“A minha mulher contava muitas histórias”, afirmou, ao referir que algumas das situações relatadas foram “acidentes” e que os relatórios médicos “não contam a verdade”.

O homem adiantou ainda que a indisposição que a mulher sentiu na noite que antecedeu a sua morte “passou pouco depois”.

“Ela saiu de manhã pelo seu pé para ir comprar pão”. Questionado sobre o que terá acontecido à mulher, o arguido respondeu: “Acho que ela fugiu e caiu. Não sei se foram as drogas ou se alguém lhe fez mal”.

O homem admitiu ainda ter lavado algumas roupas durante a manhã, mas explicou que quis “ajudar a mulher, que estaria cansada”.

O acusado referiu ainda que não transportou a mulher no seu veículo, pois “não tinha bateria no carro, nem gasóleo”. “O carro não saiu. Saí só por volta das 15:30”.

Face às declarações do arguido, o procurador do Ministério Público pediu para ser ouvido o seu depoimento em face de inquérito, considerando que há “contradições”.

Após a auscultação da gravação, o arguido recusou prestar mais declarações. A filha do arguido, 17 anos, assistente no processo, recusou prestar declarações.

Segundo a acusação, nos últimos oito anos, o arguido várias vezes discutiu e agrediu fisicamente a mulher, com quem se encontrava casado desde o ano 2000, tendo aquela recebido várias vezes assistência hospitalar, sem nunca se ter queixado à polícia.

Apesar de continuarem a viver na mesma casa, na freguesia do Carvalhal, não dormiam no mesmo quarto e o seu “relacionamento começou a deteriorar-se” face às discussões constantes, “por questões relacionadas com dinheiro, que o arguido fazia questão de gerir, e com os terrenos que aquela havia recebido por herança dos seus pais e que eram a sua principal fonte de rendimentos por estarem ambos desempregados”, refere a acusação.

As discussões e agressões ocorriam muitas vezes na presença da filha de ambos. A mulher vivia “constantemente em sobressalto, receando pela sua integridade física e até mesmo que o arguido pudesse vir a matá-la”, confidenciando a duas amigas para a procurarem se viesse a estar desaparecida e pedindo-lhes que cuidassem da filha “caso algo de mal lhe acontecesse”.

Na noite de 10 de Julho de 2018, a vítima sentiu-se maldisposta depois de ingerir um líquido, que pensava ser água, e, em vez de ir dormir com a filha como era hábito, foi deitar-se no quarto do arguido, onde esperou que aquele lhe levasse chá.

Segundo a acusação, datada de 10 de Dezembro, com a gola da camisa de noite da mulher, “apertou-a com força à volta do pescoço daquela, asfixiando-a” até ela deixar de se mexer e parar de respirar, vindo a morrer por estrangulamento.

Depois, o agressor carregou o corpo até ao exterior da habitação, colocou-o na caixa aberta da sua carrinha e transportou-o até um pinhal, a três quilómetros de casa, já no concelho do Cadaval, distrito de Lisboa, onde o abandonou. Depois, regressou a casa e foi dormir.

No dia seguinte, a mulher foi procurada pela filha e pelas amigas, enquanto o arguido fez a sua vida normal, sem se preocupar com o seu alegado desaparecimento e, só depois da insistência destas, dirigiu-se à GNR do Bombarral para apresentar queixa.

No dia 12, o corpo foi encontrado por um popular, que alertou as autoridades, enquanto o arguido veio a ser detido por ser o principal suspeito.