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Ronda Poética colhe inspiração nas "fermosas" Ninfas do Lis

16 mar 2017 00:00

A Ronda Poética leva a Leiria um conjunto de iniciativas, realizadas nos mais emblemáticos espaços da cidade, sempre com a poesia como pedra basilar.

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“Se vós, livres de humano sentimento, Em quem não cabe escolha nem vontade, Também às leis de Amor guardais respeito” - excerto de Primavera, Vales e Montes..., Floresta Undécima, de Francisco Rodrigues Lobo.

Se muitos filósofos e pensadores sentem aversão pela Primavera, bastas vezes por culpa de românticos – que teimam em afirmar, a pés juntos que, nesta época do ano, o amor é um sentimento mais fácil e corriqueiro –, alguns poetas, convictos da validade da sua panaceia sentimental, encontram nele a cura para as maleitas do mundo, como se ele fora a doce seiva que torna a vida menos amarga.

A Ronda Poética organiza em Leiria seis dias inteiramente dedicados à poesia já a partir de amanhã, dia 17, e até à próxima quarta-feira, 22. Este festival leva a vários pontos da cidade sessões poético-musicais, tertúlias, exposições e projectos de intervenção comunitária, entre muitas outras dinâmicas.

O evento, organizado pela Arquivo Livraria e Câmara de Leiria, passa por vários "espaços emblemáticos ligados à cultura da cidade", frisa o poeta Paulo Costa, um dos responsáveis pela organização.

Alguns, avança Costa, provocarão alguma "surpresa": não só haverá um prémio de poesia inspirado em Francisco Rodrigues Lobo, para obras originais, como também está previsto o acesso a locais onde as pessoas não esperariam encontrar as portas abertas.

Dito isto, um dos locais que receberá a Ronda Poética será o Centro de Diálogo Intercultural, antiga Igreja da Misericórdia, recuperada e requalificada com uma nova cara e novos propósitos.

O espaço recebe no sábado, dia 18, a tertúlia Poesia uma Casa de Deus: Será o Poema uma Oração?, com a participação do actor Luís Miguel Cintra, do pensador frei Bento Domingues, de Maria João Cantinho, do poeta e editor Carlos Lopes Pires e do declamador David Teles Ferreira, com moderação de Acácio de Sousa.

"É um evento que integra várias acções, variados eventos particulares, com a poesia sempre como peça central", reforça Paulo Costa.

Na organização desta primeira Ronda Poética foi dado destaque aos autores com ligações a Leiria, no campo da poesia, da arte e da literatura, adianta aquele organizador. "Tentámos alcançar um certo eclectismo entre os autores", refere, adiantado que se procurou alguma "exclusividade" no que aos autores convidados diz respeito.

Na rua, ou entre quatro paredes, poder-se-ão ouvir interpretações de textos de autores com vivências na cidade do Lis: Afonso Lopes Vieira e Acácio da Paiva, nascidos no século XIX, e mesmo dos contemporâneos Paulo José Costa e Carlos Lopes Pires.

 

Prémio de Poesia em formato monetário, editorial e físico

O Prémio de Poesia Francisco Rodrigues Lobo “surge incluído na programação do festival”, materializado pela Arquivo Livraria e pela Fundação Caixa Agrícola de Leiria e pretende “incentivar a produção poética de autores de Língua Portuguesa” assim como a dinamização cultural da cidade, explica Susana Neves, da Arquivo Livraria.

É uma oportunidade para “novos autores mostrarem os seus trabalhos” e de homenagear a figura do poeta Francisco Rodrigues Lobo, um dos mais importantes discípulos de Camões e o iniciador do barroco na literatura portuguesa, resume Susana.

O prémio, que será entregue a 21 de Março – Dia Mundial da Poesia, conta com uma vertente monetária, editorial e física. Além da atribuição de mil euros ao vencedor, haverá ainda a publicação de um livro com as obras apresentadas a concurso.

No livro, constará a indicação Obra premiada com o Prémio Poesia Francisco Rodrigues Lobo – 1.ª Edição 2017. O vencedor receberá ainda uma estatueta que será entregue durante o encerramento oficial da Ronda Poética 2017.

O galardão foi concebido na ESAD.CR, do IPLeiria, por Rita Frutuoso, actualmente técnica responsável da oficina de cerâmica daquela instituição onde, em 2005, terminou a licenciatura no curso Design – Tecnologias para a Cerâmica.

Uma peça simples com a qual a artista procura, através da simplicidade da composição, transmitir a sua ideia sobre a poesia. Segundo palavras da artista, a obra cria uma tensão provocada pela aparente ausência de tensão, o ruído que se pode escutar por detrás do espaço ganho por um silêncio profundo.

*com Bruno Lopes

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