Sociedade

Renováveis asseguram 64% da energia consumida em Portugal no último ano

4 jan 2017 00:00

Consumo de electricidade atingiu, em 2016, o valor mais elevado dos últimos cinco anos.

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O consumo de electricidade em Portugal atingiu, em 2016, o valor mais elevado dos últimos cinco anos, sendo que 64% dessa energia foi assegurada por fontes renováveis. Um valor que podia ser ainda superior, não tivesse o Outono sido caracterizado por temperaturas ligeiramente acima da média, o que resultou numa produtibilidade de energia eléctrica a partir dos recursos hídricos inferior à média.

O ano que agora terminou foi, aliás, rico em recordes ao nível energético. Por exemplo, em Maio, Portugal teve o consumo de electricidade garantido apenas por fontes renováveis durante 107 horas consecutivas.

Em 2016, registou-se ainda um conjunto de 1130 horas, “correspondendo a mais de um mês e meio”, em que a produção renovável foi suficiente para abastecer o consumo eléctrico nacional. Foi também um ano em que a produção de electricidade por fontes renováveis no País “contribuiu fortemente para um saldo exportador recorde entre Portugal e Espanha”.

A hídrica foi a tecnologia renovável que mais gerou, num total de 16,6 Twh (Terawatt/hora), seguida da eólica (12,2 TWh), da bioenergia (2,7 TWh) e da solar fotovoltaica (0,8 TWh), cuja percentagem ainda é muito reduzida.

Face aos dados, a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável e APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis emitiram um comunicado conjunto onde defendem que o investimento em fontes de energia renovável “é uma aposta segura como fonte principal de abastecimento de electricidade do País”.

Nessa nota, as duas associações frisam ainda que essa aposta “é fundamental” para atingir “os objectivos do Acordo de Paris, que passam por limitar o aumento da temperatura a 1,5 ºC”.

“Deixar de apostar nas energias renováveis é um erro que não podemos deixar que aconteça, para além de manter também a aposta na eficiência energética. A aposta nestes sectores permitirá retirar inúmeras pessoas da pobreza energética, contribuirá para criar mais empregos e para a melhoria da saúde das populações, reduzindo o nosso impacte no ambiente”, afirma Francisco Ferreira, presidente da Direcção da Zero.

Por seu lado, António Sá da Costa, líder da APREN, frisa que os benefícios da aposta na electricidade renovável “são elucidativos”, referindo que só em 2016 as fontes renováveis “induziram um ganho económico por redução do preço de mercado de 900 milhões de euros e evitaram a importação de 890 milhões de euros de combustíveis fósseis”. O que, alega, “ultrapassa largamente o facto de ainda receberem uma tarifa bonificada”.