Economia
Regresso à escola: na planificação e no reaproveitar é que está o poupar
Deco aconselha famílias a planificar o orçamento com tempo para evitar aflições na hora de comprar material escolar. Reaproveitar borrachas, lápis e canetas do ano lectivo anterior pode reduzir gastos
Após o regresso das férias, onde os gastos podem ter sido significativos, Setembro é o mês do início das aulas, que obriga à aquisição do material para o retorno à escola. O peso no orçamento é bem conhecido das famílias com crianças e jovens em idade escolar.
Segundo um estudo do Observador Cetelem, citado pelo Dinheiro Vivo, as famílias estimam gastar, este ano, uma média de 604 euros por educando, um ligeiro aumento de seis euros face a 2024. As despesas analisadas subdividem-se em 14 categorias, sendo que o material escolar, os artigos de vestuário e calçado e o material de apoio didáctico extra estão no pódio da lista das prioridades.
A factura com itens como mochilas, canetas ou cadernos situa-se, em média, nos 164 euros, escreve o Dinheiro Vivo, com base num estudo que se baseou em entrevistas a 1.300 famílias.
O JORNAL DE LEIRIA pegou na lista de material escolar para o 1.º ciclo de uma escola da Marinha Grande e fez as compras online. O valor rondou os 120 euros. Os encargos podem diminuir se houver em casa material do ano anterior, ou aumentar significativamente se for necessário comprar uma calculadora científica ou um computador.
Procurando gastar o mínimo possível, muitos encarregados de educação reaproveitam parte do material, o que pode resultar numa poupança de mais de 50%. É o caso de Filipa Sousa, mãe de uma criança de 8 anos, que não gastou mais de 50 euros na lista de material.
“Apenas comprei aquilo que não tinha mesmo, como blocos de papel cavalinho, cadernos, cartolinas ou aguarelas. Canetas, lápis, afias, borrachas ou réguas temos do ano anterior”, conta.
A mochila e a lancheira ainda estão em condições, pelo que não é necessário adquirir novas. “A roupa de educação física é que poderá já não servir”, adianta. Filipa Sousa procura poupar ao máximo, pelo que as compras de material ou roupa assentam em marcas brancas ou em peças mais económicas. “A qualidade não é muito diferente”, constata.
Com um filho de 14 anos, esta mãe também procura reaproveitar, sempre que possível, o material e a roupa do irmão mais velho.
Este é um dos conselhos da Deco - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. Elisabete Policarpo, jurista do Gabinete de Protecção Financeira, explica que a poupança no regresso às aulas pode passar precisamente por adquirir material de marca branca, onde os preços podem variar em cerca de 50%.
Além disso, os “estudos apontam para uma qualidade equivalente aos produtos de marca”. “A doação de material entre amigos, familiares e conhecidos é também uma forma de conseguir alocar ao orçamento um valor mais baixo”, destaca.
Planificar atempadamente
A planificação do regresso à escola é um dos segredos na poupança. Segundo a jurista da Deco, as famílias devem preparar o orçamento de Setembro logo em Janeiro. “Há sempre muitos gastos nas férias, que antecedem o regresso às aulas. Se tiver havido planificação, o valor do material escolar está integrado no orçamento e não será necessário recorrer a crédito”, constata.
Se não for possível esta poupança antecipada ou surgir um imprevisto que obrigue a utilizar a verba da educação, Elisabete Policarpo aconselha as famílias a evitarem recorrer a linhas de crédito – com taxas de juro mais elevadas -, ao cartão de crédito ou às facilidades a descoberto, como as contas ordenado, que no mês seguinte absorvem o salário, voltando a criar constrangimentos no orçamento familiar.
Se a única solução for mesmo o recurso ao dinheiro emprestado, a jurista recomenda um crédito pessoal. Elisabete Policarpo defende ainda a planificação atempada do material existente do ano anterior para tentar reaproveitá-lo ao máximo. “Na posse dessa lista, é possível aproveitar as campanhas e promoções, que possam surgir, e economizar.”
A papelaria da escola pode também ser uma opção válida. “Por norma, praticam preços mais baixos, com IVA a 6%”, sugere, sublinhando a importância de aproveitar a plataforma Mega, que disponibiliza os manuais escolares a alunos do ensino público.
“Quanto aos livros de fichas, o ideal é serem comprados nas livrarias, cujo valor pode ser alocado directamente a despesas de educação”, explica. Nos hipermercados, é preciso ter atenção às facturas, porque o Código de Actividade Económica (CAE) pode não aparecer logo como despesa de educação e obrigar a alteração no portal e-factura.
Algumas câmaras municipais do País também comparticipam com fichas e material escolar, pelo que os pais devem ter em consideração todos estes apoios, que contribuem para uma poupança efectiva.
Pedir factura é obrigatório, recomenda Elisabete Policarpo, uma vez que os valores gastos na educação são dedutíveis em sede de IRS. O mesmo se aplica aos estudantes do ensino superior deslocados, que devem ter contratos de arrendamento formalizados e não esquecer que existem prazos para declarar a sua situação de deslocados para beneficiarem do reembolso.