Sociedade

Promover o ócio também é um dever dos poderes públicos

3 dez 2020 15:27

Conferência sobre Lazer, Jogos e Brincadeiras, na ESECS

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Evento foi promovido pela ESECS, do Politécnico de Leiria
Ricardo Graça
Daniela Franco Sousa

A Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS), do Politécnico de Leiria, realizou sexta-feira e sábado a oitava conferência sobre Mediação Intercultural e Intervenção Social, em formato online, evento que mobilizou especialistas portugueses e estrangeiros em torno do tema Lazer, Jogos e Brincadeiras: Aprendizagem e mediação intercultural.

Uma das conclusões resultantes desta iniciativa é o papel que as entidades públicas devem assumir cada vez mais na promoção do lazer e de vivências informais, capazes de garantir bem-estar e auto-estima aos indivíduos, e que permitem também momentos de partilha de conhecimento e de integração social, seja de comunidades imigrantes, de minorias étnicas, de pessoas com deficiência ou outros grupos minoritários ou desfavorecidos.

Presente na sessão de inauguração do evento, Cláudia Pereira, secretária de Estado para a Integração e as Migrações, explicou que o Governo português reconhece as mais-valias do conhecimento e da integração social adquiridos em contexto informal e exemplificou como, ao cabo de 20 anos, o Programa Escolhas tem atingido grandes resultados, mesmo em contextos onde a socialização e a integração se previam muito difíceis.

Através de grupos dedicados à informática, ao aeroespacial ou ao teatro, o Programa Escolhas tem conseguido unir inúmeras pessoas em torno de um gosto ou de um passatempo comum, expôs a governante.

Havia bairros de grande taxa de desemprego e de criminalidade onde foram criadas companhias de teatro, cujos actores eram membros de grupos rivais e que, com o mote da representação, trabalharam a sua capacidade de diálogo, realçou Cláudia Pereira.

Belén Caballo Villar, da Universidade de Santiago de Compostela, foi uma das investigadoras que reforçou que os poderes públicos também têm um papel relevante na promoção do ócio. O lazer é uma experiência humana que gera criatividade, satisfação, auto-estima, que possibilita a partilha de saberes, mas ao qual a sociedade actual não dá o devido crédito, valorizando sobretudo tempos de trabalho “produtivo”, lamentou a especialista.

É necessário que os Estados, mas também as escolas, o terceiro sector, os media, sejam ensinados/desafiados a reflectir sobre o ócio. Por vezes, criar telheiros nas escolas ou mais jardins na cidade são pequenos gestos, mas enormes gatilhos na promoção do lazer colectivo, defendeu.