Sociedade

Promessas de Santa Engrácia

1 fev 2018 00:00

No início do novo mandato autárquico, recordamos algumas das muitas promessas feitas ao longo de anos e até de décadas que tardam em ver a luz do dia.

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Maria Anabela Silva

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Seja em momentos de campanha eleitoral, seja depois durante os mandatos, com a constatação das necessidades e perante as reivindicações das populações, muitas têm sido as obras prometidas pelos autarcas da região que nunca chegaram a sair do plano das ideias. Umas foram definitivamente colocadas de lado. Outras esperam dias melhores, que, na maioria dos casos, é como quem diz, financiamento para poderem avançar.

No dia em que se completam quatro meses sobre a realização das últimas eleições para o poder local, ocorridas a 1 de Outubro e que deram início a um novo ciclo autárquico, o JORNAL DE LEIRIA recorda algumas das promessas feitas pelos presidentes eleitos que repetem o mandato e que ainda não foram concretizadas. Algumas arrastam- se há anos ou mesmo décadas e atravessaram executivos de várias cores partidárias.

Começámos esta análise por Leiria (ver outros concelhos ), a capital de distrito, onde o presidente eleito, Raul Castro, cumpre o último mandato, sendo na região o único que, no final dos próximos quatro anos, deixará o cargo por força da Lei da limitação de mandatos.

Quando ganhou a Câmara pela primeira vez, em 2009, apresentou-se ao eleitorado com um programa de 120 medidas que prometiam “mudar Leiria”. A esses, foram sendo acrescentados outros compromissos, pela força da necessidade ou da oportunidade.

Oito anos volvidos, muitas dessas promessas já foram cumpridas - uma das que mais orgulha Raul Castro é saneamento financeiro do município, com a redução da dívida de 108 milhões de euros para 41,2 milhões, em 2016 (menos 62%) -, mas muitas continuam por concretizar.

Na área do desporto, mais concretamente ao nível dos equipamentos, os sucessivos executivos socialistas têm vindo a prometer resolver uma questão que herdaram da gestão PSD: a conclusão do topo Norte do estádio, que está por terminar desde a remodelação da infra-estrutura, feita para o Euro' 2004.

Ao longo dos anos, houve várias ideias para ocupar o espaço, que chegou a ser colocado à venda, no âmbito da tentativa de alienação do estádio. Agora, está em cima da mesa a instalação no local dos serviços de Finanças, que deverão ocupar a torre nascente. A poente, a Câmara pretende criar um centro associativo, ficando por resolver a ocupação da zona central.

Esta solução foi anunciada em Junho do ano passado, quando o município chegou a acordo com as Finanças, mas ainda não está concretizada. É um “projecto em curso”, adianta a autarquia.

Em curso está também, segundo a Câmara, a construção do pavilhão multiusos, agora designado por Centro de Actividades Municipais, que figurava no programa das 120 medidas apresentadas por Raul Castro em 2009. A ideia ficou a marinar durante quase oito anos, até que, no ano passado, a autarquia lançou um concurso de ideias.

Apesar da polémica que envolveu, principalmente devido ao prazo concedido – 40 dias –, e da apresentação de apenas duas proposta, o concurso foi validado e o presidente da Câmara já assegurou que a obra é para fazer, mesmo sem financiamento comunitário. De acordo com informações da Câmara, o projecto encontra-se “em fase final de execução”.

Nem cobertura nem requalificação da avenida Sem obras à vista, está a requalificação da Avenida Heróis de Angola, uma das principais artérias comerciais da cidade de Leiria que há muito reclama uma intervenção de fundo e onde fica localizado o terminal da rodoviária, que também se apresenta como um mau cartão de visita.

Ainda antes da chegada ao poder de Raul Castro, o executivo de Isabel Damasceno chegou a anunciar a deslocalização da rodoviária para a zona em frente às piscinas. Mas a mudança não só não aconteceu – “o paradigma alterou-se até pela revindicação dos comerciantes e de novos conceitos de mobilidade”, alega a autarquia -, como a degradação do terminal se agravou. O mesmo aconteceu com a Heróis de Angola.

No último mandato, o presidente da Câmara apresentou um conjunto de ideias aos comerciantes que incluíam a cobertura parcial daquela avenida, a criação de duas praças e o alargamento dos passeios, com a instalação de esplanadas. Mas, para já, só estará certa a intervenção ao nível das infra-estruturas, cujo projecto se encontra “em execução”.

O que também não avançou nem avançará – pelo menos no curto prazo – é o projecto de requalificação da marginal da Praia do Pedrógão, feito na presidência de Isabel Damasceno e que previa um investimento de 2,2 milhões de euros, contemplando, entre outras intervenções, a criação de um grande “calçadão” e de áreas de lazer e a instalação de mobiliário urbano.

“A ideia original foi abandonada devido ao POOC [Plano de Ordenamento da Orla Costeira]”, alega o actual executivo, referido ainda que a marginal “foi intervencionada recentemente”.

O que pode, finalmente, sair do imaginário dos leirienses, tornando- se real, é o Jardim da Almoinha Grande, uma aspiração que tem já 25 anos. A obra foi adjudicada em Dezembro último, faltando apenas que o Tribunal de Contas valide o contrato para que os trabalhos se iniciem.

Mais atrasado, mas para concretizar, segundo a Câmara, está o processo de criação de acessos mecânicos ao Castelo, uma promessa deixada no decorrer do último mandato por Raul Castro, havendo já “projecto em curso”.

Em curso encontra-se também, garante a autarquia, a concretização da promessa de remodelar o mercado municipal, cujo projecto está “em fase de execução". Será, o terceiro projecto para aquele espaço, em cerca de quatro anos.

Promessas feitas em Leiria
Por cumprir
 Requalificação do mercado municipal;
 Requalificação da Avª Heróis de Angola, com eventual cobertura
 Pavilhão multiusos
 Requalificação da marginal da Praia do Pedrógão
 Deslocalização da terminal da rodoviária
 Conclusão do topo Norte
 Criação de acessos mecânicos ao castelo

Em vias de concretização
 Instalação de Loja do Cidadão no centro da cidade
 Jardim da Almoinha
 Requalificação de todos os bairros sociais
 Taxa de saneamento acima dos 90%

Cumpridas
 Instalação do Museu de Leiria (98 anos depois da publicação do decreto que o criou)
 Saneamento financeiro da autarquia com redução da dívida
 Conclusão da revisão do PDM
 Instalação de sistema de videovigilância (ainda não está a funcionar)
 Recuperação da Igreja da Misericórdia