Opinião

O Estado da Nação

17 jul 2016 00:00

Daqui a alguns dias, ultrapassado este ambiente de festa, teremos que voltar à dura realidade e à imprevisibilidade dos próximos tempos.

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Confesso que o tema deste início de colaboração com o Jornal de Leiria já estava decidido há alguns dias, e não pela sessão da passada quinta-feira, no Parlamento, mas acima de tudo pelo que esse debate tornou ainda mais evidente do ambiente político-partidário em Portugal.

Mas permitam-me só uma primeira referência ao grande feito da selecção portuguesa, com a conquista do Campeonato Europeu de Futebol, sendo um privilégio ficar registado neste primeiro texto, como um dos momentos que ficará para a história de Portugal, representando um orgulho imenso e um sentimento de identidade dos Portugueses, espalhados pelo mundo inteiro.

Mas daqui a alguns dias, ultrapassado este ambiente de festa, teremos que voltar à dura realidade e à imprevisibilidade dos próximos tempos. Por isso vos trago uma reflexão genérica sobre o Estado da Nação, que já não é de agora, mas que, mais do que nunca, importa repensar, devendo cada um assumir as suas responsabilidades.

Independentemente do actual Governo ser suportado por uma maioria parlamentar muito peculiar, basta dar uma olhadela aos nossos vizinhos espanhóis ou esperar pela repetição das eleições presidenciais na Áustria para perceber que hoje a participação democrática deixou de estar concentrada nos partidos tradicionais ou mais moderados e como as conjunturas são influenciadas por novas tendências, muitas vezes extremamente radicais.

Ora, esta situação ainda mais exige que se abandone cada vez mais alguma da demagogia política e se coloque o interesse nacional, do nosso colectivo, acima de todo e qualquer interesse particular ou de facção, verificando o que hoje acontece em Portugal, onde por força do acordo estabelecido o Partido Socialista se encontra refém das exigências dos partidos de esquerda, que em alguns casos até contrariam aquilo que era o pensamento ou acção dos socialistas num passado recente. E aqui chegados, temos um País que, de ponto de vista da situação político-partidária, está bastante extremada, com episódios lamentáveis de alguns dos principais protagonistas políticos, para garantir o que considero necessário para acautelar o nosso futuro.

E digo isto não sendo favorável a qualquer solução de bloco central, mas para um país como Portugal, com as enormes oportunidades mas com a racionalidade necessária para conhecer as fragilidades, era bom que as sinalizássemos e conseguimos definir estratégias de longo prazo, com entendimentos entre os principais partidos sobre as principais áreas de governação, para que dessa forma fosse possível dar sustentabilidade, segurança e tempo para que determinadas políticas produzam resultados.

Importante que na Economia, Educação, Saúde, Justiça e Segurança Social fosse possível assumir um compromisso de médio/longo prazo, que contrarie a tentação fácil de quem chega de reverter tudo e mais alguma coisa, deitando para o caixote do lixo recursos, a vários níveis, e que não nos coloque nesta débil posição de estarmos a rezar a todos os santos para que consigamos cumprir os compromissos com as entidades europeias, porque só assim ganharemos a sua confiança e o seu respeito, da mesma forma que conseguimos ser campeões europeus de futebol, cumprindo o desígnio de uma nação valente e de um povo imortal.