Sociedade

Na Paróquia da Marinha Grande, a música de louvor tem sabor a rock

17 fev 2024 09:00

E embora estas músicas não transmitam conteúdos catequéticos e sejam um género paralitúrgico, isso não invalida que algumas delas possam integrar um ou outro momento da missa

na-paroquia-da-marinha-grande-a-musica-de-louvor-tem-sabor-a-rock
Padre Patrício Oliveira é vocalista e guitarrista do grupo Extrema Unção
Ricardo Graça
Daniela Franco Sousa

Além de pároco da Marinha Grande, Patrício Oliveira é também vocalista e guitarrista dos Extrema Unção, um grupo rockeiro, que tem animado a comunidade, dentro e fora da igreja, com a sua música de louvor.

Natural de Caxarias, Patrício Oliveira, de 38 anos, é pároco da Marinha Grande desde 2019. Foi aluno de Gestão na Escola Profissional de Ourém e, por ironia do destino, ainda estagiou no Banco Espírito Santo, antes de prosseguir estudos no seminário.

O padre sempre gostou de rock, com especial paixão pelo punk e por bandas como Ramones. “Não sou músico nem coisa que o valha, mas gosto do ritmo, da força da guitarra, da distorção e da velocidade”, conta Patrício Oliveira.

“Há uma sonoridade que vibra cá dentro nas minhas frequências. É terapêutico.” Quando entrou no seminário, o jovem tinha opção de aprender a tocar órgão ou guitarra. E foi este segundo instrumento que escolheu.

Nessa altura, costumava brincar com o professor, dizendo que ainda havia de formar uma banda de rock litúrgico. Estava longe de imaginar que existia um género musical semelhante, que conheceu anos mais tarde numa formação nacional em Lisboa.

Chama-se Modern Worship, é música de louvor, que se encontra em todo o mundo, sobretudo nas igrejas protestantes, que tem uma dimensão artística e que fica no ouvido, contextualiza o padre.

Pouco a pouco, foi desafiando outros elementos e eis que se formou o grupo, Extrema Unção, liderado pelo próprio padre Patrício (voz e guitarra), acompanhado por Amândio, Margarida, Joel e Diego, programador, técnica de contas, operário de moldes e bombeiro, respectivamente, que enriquecem a música com outros instrumentos.

Através das suas covers, que compõem a partir de grupos dos Estados Unidos, Reino Unido ou Austrália, a banda do padre Patrício existe sobretudo para servir o curso Alpha, explica o pároco. Há jantares, onde os grupos se encontram para conversar sobre a fé, a vida e Deus, e onde, a dado momento, a música serve para “desbloquear” a experiência da oração.

“Serve como fundo musical para a oração. É um concerto orante”, descreve o padre Patrício. Durante a pandemia, quando o curso Alpha era dinamizado online, foram transmitidos vários concertos à distância e de tal forma foram apreciados que, no regresso do confinamento, o público já tinha as canções decoradas, lembra o pároco.

E embora estas músicas não transmitam conteúdos catequéticos e sejam um género paralitúrgico, isso não invalida que algumas delas possam integrar um ou outro momento da missa, prossegue o sacerdote, para quem o mais interessante é a capacidade que estas composições têm de “galvanizar” a comunidade.

E essa capacidade de tocar o público ficou bem confirmada aquando da Jornada Mundial da Juventude, quando os Extrema Unção subiram ao palco no Jardim Luís de Camões, em Leiria, ou actuaram para centenas de peregrinos na Igreja Matriz da Marinha Grande.

O rebanho aprecia o estilo, entre músicas “mais pesadas, quando se puxa da guitarra eléctrica e se liga a distorção”, e outras de carácter mais “introspectivo”.

O segredo é saber ajustar os acordes ao público e ao momento. “São coisas lá do padre Patrício”, comentam os padres mais velhos, que, “ao perceberem que há um trabalho que está a ser frutuoso, que toca mais pessoas, se animam com isso”.