Economia

Lojistas pedem estacionamento e mais pontos de interesse em Alcobaça

14 fev 2019 00:00

Quem tem negócio junto ao Mosteiro reclama mais lugares de estacionamento e novos pontos de interesse para captar mais turistas.

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Daniela Franco Sousa

Entre os comerciantes que têm negócio junto ao Mosteiro de Alcobaça, são vários aqueles que se queixam da falta de movimento por estes dias. Ao JORNAL DE LEIRIA, os lojistas reclamaram da falta de estacionamento, do piso escolhido para a zona circundante do monumento e até da falta de outros pontos de interesse que motivem os turistas a demorar-se mais numa visita à cidade.

Os comerciantes entendem que, desde que a zona envolvente do Mosteiro de Alcobaça foi modificada, os turistas, sem parqueamento suficiente por ali, acabam por fazer apenas visitas curtas ao monumento.

Consideram também que o piso, agora de ar inóspito, poderia ser substituído por uma zona ajardinada e com bancos, que convidassem a prolongar o passeio pela cidade. E também sugerem a criação de hotéis, museus e de outros pontos de interesse no centro de Alcobaça. É sobretudo durante o Inverno que a falta de movimento é mais sentida, apontam os comerciantes.

Os meses de Inverno são especialmente difíceis para Cecília Silvério, que há cerca de 15 anos vende cerâmica de Alcobaça numa loja em frente ao Mosteiro. Naquele dia de chuva, chegada a hora do almoço, a caixa só tinha registado 40 cêntimos. “Há dias que não faço um tostão. Nem um postal eu vendo”, lamenta a proprietária da Casa Silvério, que atira a culpa à reconversão do espaço circundante ao monumento.

Desde a remodelação da zona, em 2007, suprimiram-se muitos lugares de estacionamento, afastando quem por ali costumava parar para fazer compras, conta a lojista. Cecília critica também o sentido único da estrada que passa em frente à sua loja. A comerciante entende que a estrada acaba por servir apenas quem conhece bem Alcobaça e não é útil para quem desconhece e está de visita.

Mais útil seria se deixassem passar os automóveis no sentido inverso, para que saíssem da zona de Caldas da Rainha e entrassem directamenteno centro de Alcobaça, advoga a comerciante.

Quanto ao tipo de piso escolhido para o espaço circundante ao mosteiro, também não foi a melhor opção, aponta a lojista. “Com o vento, há pó e areia a entrar nas lojas. Fica tudo sujo”, reclama Cecília Silvério. “E nos dias de sol, gera-se um calor insuportável, não se pode estar aqui”, prossegue a lojista. No Verão sente-se mais algum movimento, gerado pelos turistas, mas durante os meses de Inverno, quase não há vendas, expõe Cecília. “No Inverno é terrível”, remata a lojista.

Esta é também a opinião de Maria Manuel e de Ângela Louro, ambas colaboradoras da Celta Sapataria. “O estacionamento gratuito fica longe e normalmente as pessoas não se dão ao trabalho de pagar para estacionar mais perto do centro”, nota Maria Manuel. Antes da remodelação daárea que envolve o Mosteiro, notava-se mais movimento de turistas e de pessoas locais, observa Maria Manuel.“Tinham uma zona bonita para ver. Agora é diferente”, diz a lojista.

 Atrás do balcão na Cafetaria D. Pedro há mais de 30 anos, Graça Adrião também não ficou agradada com as mudanças realizadas junto ao Mosteiro. “Tiraram o tráfego todo daqui. Os carros não podem parar senão são multados. Até as entregas ficaram mais difíceis”, conta a comerciante. Para Graça Adrião também faltam novas formas de atrair gente para a cidade. “Faz falta um grande hotel”, exemplifica.

Devolver espaço ajardinado, com bancos, e pequenos parques de estacionamento traria “mais vida”, acrescenta Ema Jesus, funcionária da cafetaria, para quem “está tudo parado”. No fim-de-semana o movimento melhora um pouco, com gente natural de Alcobaça e turistas. “Mas precisávamos de mais”, defende Graça Adrião.

“Antes paravam carros e autocarros. Agora têm de deixar o carro mais longe”, lamenta também João Lisboa, da Casa Lisboa, negócio com mais de cem anos e que se dedica ao comércio de faianças. “Lembro-me que a partir de Maio e até Setembro, em época de peregrinações, o largo estava sempre repleto de autocarros. Mas deixou de ser um ponto de paragem demorada. Agora as pessoas vêem o Mosteiro e vão-se embora. Há dias em que não faço negócio nenhum”, expõe João Lisboa.

“Compreendemos que esta zona, tal como está, preserve melhor o Mosteiro. Mas seria bom encontrar uma solução híbrida, como o parque subterrâneo, que chegou a ser pensado”, recorda. “Além disso, além do Mosteiro não existe no centro de Alcobaça mais nada que incentive as pessoas a ficar. Vêm em excursão, vêem o monumento e vão embora, quando o concelho tem muitas potencialidades” a explorar.

“Vamos ver se o jardim junto da Escola Secundária D. Inês de Castro, que é bonito, terá capacidade de atracção, para que as pessoas possam ficar mais tempo”, espera João Lisboa, para quem é importante apostar também em museus, bem como em hotéis que possam acolher os forasteiros.

Câmara adianta
Estudadas mudanças no largo do Mosteiro
Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça, recorda que o projecto do arquitecto Gonçalo Byrne, que em 2007 levou à remodelação do largo do Mosteiro, tinha em vista “recuperar um certo revivalismo medieval”. No entanto, o saibro utilizado na remodelação da zona apresenta “patologias que são levadas para o interior do Mosteiro”, informa o autarca. Alertada para a situação pela directora do monumento, Ana Pagará, a Câmara de Alcobaça está agora a expor a situação à Direcção-Geral do Património Cultural e a articular-se com o arquitecto Gonçalo Byrne para que seja encontrada uma alternativa, de forma a deixar o espaço aprazível e não prej
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