Sociedade

Leiria no caminho do vírus Zika

31 mar 2016 00:00

Investigador de Leiria descobre que Zika chegou ao Brasil em 2013

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O investigador Nuno Faria, de Leiria, é o primeiro autor da equipa que estudou o processo do aparecimento do vírus Zika no Brasil e as conclusões já foram publicadas na revista Science. Segundo informações que o cientista facultou ao JORNAL DE LEIRIA, o Zika terá chegado ao Brasil em meados de 2013, cerca de dois anos antes do surto se ter sentido.

Sequenciando um pequeno número de genomas virais do Zika, os investigadores estimam que o vírus teve uma única entrada na Américas, provavelmente mais do que um ano antes da presença do vírus ter sido detectado no Brasil.

Esta previsão, dizem os cientistas, relaciona-se com os principais eventos no calendário cultural brasileiro associado com aumento do número de viajantes para o país, em especial de áreas onde o vírus Zika (ZIKV) circula.

Embora o tamanho da amostra utilizada neste estudo seja pequena (apenas sete sequências genéticas ZIKV), o trabalho representa um resultado importante dado o quão pouco se sabe sobre este vírus emergente até à data. 

O Brasil está no meio de uma epidemia sem precedentes de vírus Zika, que foi detectado pela primeira vez no país em Maio de 2015. 

Para perceber melhor a evolução e Epidemiologia Molecular do Zika no Brasil, Nuno Faria e os investigadores Evandro Chagas, Universidade de Oxford, Adolfo Lutz e FioCruz (Rio Janeiro e Bahia) tiraram amostras aos diversos genomas ZIKV, que estão ligados ao recente surto brasileiro da doença.

Uma amostra com origem num dador de sangue, outra de um caso fatal registado num adulto e outra de um recém-nascido com malformações congénitas e microcefalia - doença rara que se traduz por a cabeça de um bebé ser menor do que o normal.

De ressalvar que a investigação para estabelecer uma ligação directa entre o Zika e esta condição de microcefalia continua a ser estudada.

Utilizando tecnologia de sequenciamento de última geração, os investigadores identificaram sete genomas ZIKV brasileiros, com pouca variabilidade genética entre eles. Na sequência de análises comparativas destas amostras e os genomas existentes concluíram que houve apenas um foco de introdução do Zika nas Américas, provavelmente, entre Maio e Dezembro de 2013, mais de um ano antes da detecção do vírus no Brasil.

Dados das companhias aéreas revelam que este período coincide não apenas com o aumento do número de passageiros para o Brasil a partir de zonas endémicas do Zika, mas também com surtos de Zika verificados nas Ilhas do Pacífico. Os autores do estudo advertem que os resultados preliminares deste estudo ainda não esclarecem a existência de uma ligação com a microcefalia em bebés.