Sociedade

Leiria ganhou um lobby que luta pela adopção da "mobilidade suave e sustentável" (com galeria)

7 jun 2018 00:00

Movimento Mobilidade Sustentável nasceu no seio da Associação Asteriscos

Asteriscos arriscou deslocar-se sem motor em Leiria
Fotografia: Nuno Brites
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Jacinto Silva Duro

Esta semana, a associação Asteriscos, de Leiria, lançou, através do Movimento Mobilidade Sustentável, um projecto que nasceu no seu seio, uma petição para alertar para a necessidade de um planeamento que inclua a mobilidade sustentada e discussões concretas sobre as periferias e regeneração urbana.

“Em pleno século XXI, devemos exigir que as nossas cidades sejam sustentáveis e que proporcionem um bom ambiente urbano, gerador de qualidade de vida e felicidade para os cidadãos. Queremos que quem planeia as cidades, o faça tendo como uma das principais prioridades os peões, as bicicletas e outros modos suaves. Queremos transportes públicos de excelência de modo a diminuir a dependência do transporte individual”, pode ler-se no documento.

O presidente do Asteriscos, Raul Testa, explica que o Movimento Mobilidade Sustentável criado pela associação consiste em cerca de 60 leirienses. Alguns, são peritos em mobilidade e arquitectura.

“Queremos ser um cluster de conhecimento nesta área. Por isso, instamos a que quem se interessa pelas áreas de mobilidade, arquitectura e urbanismo se junte ao nosso movimento."

Na segunda-feira, alguns membros do grupo montaram nas suas bicicletas e dirigiram-se para o centro da cidade para alertar consciências. “A nossa prioridade não são apenas as bicicletas, são as pessoas e todos os modos de mobilidade suave. Não somos um movimento de protesto, somos mais um lobby pela mobilidade sustentável", ressalva o presidente da associação.

O resultado da experiência da segunda- feira apenas veio confirmar o que, há muito se sabe: os condutores de Leiria, e de quase todas as cidades portuguesas, não respeitam os ciclistas, não conhecem as regras de trânsito quando se trata de os ultrapassar ou ceder passagem e, como o JORNAL DE LEIRIA pôde testemunhar, cortam-lhes a passagem, não demonstram cautela, buzinam e insultam quem se desloca em bicicletas e outros veículos de duas rodas, com e sem motor eléctrico.

“Os carros em Leiria podem ir para todo o lado, mas as bicicletas não!”, desabafavam os elementos da Asteriscos. Os promotores do grupo de reflexão chamam a atenção para o facto de as poucas ciclovias que existem em Leiria terem sido “mal concebidas”, por vezes sem respeitar as regras de trânsito.

No futuro pretendem demonstrar que existem alternativas melhores, e que nem sequer é muito difícil melhorar e que Leiria pode ser mais do que uma cidade que privilegia apenas os carros. "Quando se planeia a cidade pode ter-se em conta a mobilidade sustentável, que consiste em criar vias para peões, bicicletas, trotinetas ou meios de transporte público mais eficazes e sustentáveis".

A Asteriscos refere que é estranho uma cidade de média dimensão estar tão entupida com carros, nas horas de ponta. "Nas últimas décadas, a prioridade urbanística, em Portugal, foi sempre privilegiar o carro próprio e Leiria também sofre disso. É muito virada para os automóveis e pouco para os peões."

E nem sequer é preciso criar ciclovias, entendem. O Movimento Mobilidade Sustentável sublinha que, nos locais onde isso não é possível, dada a dimensão reduzida da via, bastaria criar um corredor partilhado, marcado no pavimento a azul ou noutra cor, de modo a que os automobilistas se apercebessem da necessidade de acautelarem a circulação de velocípedes.

"Vivo na Estação e poder-me- -ia deslocar para o centro da cidade, a cerca de três quilómetros, já que o piso é plano. Mas não o faço porque há muitos riscos de andar na estrada... Se houvesse ciclovias ou zonas cicláveis, era possível andar de bicicleta na cidade. As pessoas não andam porque não querem, não andam porque têm medo. E até os peões sofrem com o facto de as bicicletas não poderem andar na estrada, porque elas têm de andar nos passeios e no percurso Polis", remata Raul Testa.