Sociedade

José Frazão, empresário: “É preciso ter atitude e irreverência na proposta turística que se apresenta”

1 set 2016 00:00

O empresário de Leiria defende que o turismo é um sector que não se esgota

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Daniela Franco Sousa

O empresário, que tem apostado no turismo, em Lisboa, defende que as restantes regiões do País têm sabido pensar melhor as suas estratégias de promoção.

O turismo de Portugal está este ano com indicadores muito positivos. É resultado do nosso empenho em melhorar a oferta, ou estamos apenas a beneficiar de factores externos como o terrorismo, as crises sociais e catástrofes naturais noutros destinos?

Um pouco das duas coisas. As exportações caíram e começámos a dizer que era necessário apostar no turismo. Além das praias e do sol, foram criadas vias de comunicação e outras condições das quais estamos agora a tomar partido. Isso está à vista. Por muito que se fale mal, existem muitas coisas feitas em Portugal, feitas acima das nossas possibilidades, mas que criaram oportunidades. Qualquer turista que hoje viaje até Portugal fica surpreendido com as condições que temos para lhe oferecer. Também temos mérito próprio. Quando se diz que tivemos sorte, penso que não. A sorte não veio por acaso. De forma geral, nas vilas, nas freguesias, nos concelhos e nos distritos estamos muito bem. Mas há distritos que trabalham melhor e outros que trabalham menos bem. Não há dúvida que o Algarve foi a nossa bandeira, o que nos permitiu chamar a atenção de forma muito forte. Mas depois seguiu- -se Lisboa. E o Porto. Todos os encontros internacionais que têm decorrido em Lisboa, no âmbito da União Europeia, acabaram por se tornar numa mais-valia para a economia portuguesa. Sempre que recebemos alguém acabamos por lhe dar a conhecer um bom restaurante e um bom hotel. Além disso, acredito que o futebol tem sido um embaixador fantástico.

Em que medida?

Quando queremos ter alguém que seja um embaixador para o País, esse alguém tem de ser uma pessoa que se tenha revelado. Ao nível do teatro, do cinema, e das outras áreas não temos ninguém com a visibilidade internacional que têm figuras como o Figo ou o Cristiano Ronaldo. São figuras populares, de que todo o mundo gosta. No nosso País, talvez 50% das pessoas gostem de futebol. Se calhar, na Itália, na Inglaterra, na França, também 50% da população gosta de futebol. E até mesmo quem não gosta da modalidade já ouviu falar do Cristiano Ronaldo. Por outro lado, a crise que vivemos também despertou a mensagem de que este País até era barato, de que a população vivia com dificuldades mas era simpática. E esta mensagem ainda hoje funciona. E agora, além de simpáticos, estamos também a ficar mais refinados na forma como recebemos. Por sorte, ou neste caso por azar dos outros, tivemos a vantagem de alguns países terem perdido visitantes, por força da insegurança, das catástrofes. No entanto, devo dizer, se alguns destinos perderam, outros ganharam turistas. Por exemplo, a Tunísia pode ter perdido, mas Marrocos ganhou. E, na Europa, a França perdeu visitantes, mas não significa que tenha sido Portugal a ganhálos. Eu viajo com regularidade e em todas as grandes cidades europeias há mais turismo. As pessoas têm hoje mais possibilidades e melhores condições. Os voos estão muito mais baratos e confortáveis. Hoje vamos a Paris pelo salário de um ou de dois dias. Antes, se quisesse ir a Paris tinha de gastar o salário de um mês. Isso conta.

Decidiu apostar fortemente no sector turístico em Lisboa. Como estão a correr esses investimentos?

Estão a correr bem. Sou muito positivo. Tendo em consideração a conjuntura, para mim estão a correr bem. Lisboa está de facto em alta, com uma dinâmica muito forte. O turismo em Lisboa mexe-se muito bem e tem muitas oportunidades. Em Lisboa, cada vez mais, cada hotel é um posto de turismo. No estrangeiro também já vai sendo assim, um hotel é um posto de informações, um local de ajuda.

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