Sociedade

ICNF reconhece que faltam 30 operacionais e mais técnicos superiores no Pinhal de Leiria

13 out 2018 00:00

Um ano depois do grande incêndio, só há um técnico ao serviço na rainha das matas nacionais.

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Pelo menos 30 operacionais e mais um técnico superior. São os trabalhadores em falta no Pinhal de Leiria, reconheceu hoje o presidente do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, em declarações à margem de um colóquio que decorreu na Marinha Grande, com o apoio do Município.

Um ano depois do grande incêndio que consumiu uma área equivalente a 86%, a Mata Nacional de Leiria só tem um técnico superior ao serviço, e nove operacionais, que servem também as matas nacionais do Urso e do Pedrógão, o mesmo número de meios humanos que tinha nos dias 15 e 16 de Outubro de 2017, quando as chamas alteraram profundamente um mapa com 700 anos de história.

De acordo com Rogério Rodrigues, "uma área desta dimensão", ou seja, 11.021 hectares, só no Pinhal de Leiria, "tem que ter cerca de 40 operacionais e certamente um técnico entre 5 a 10 mil hectares", porque "são os rácios a que a engenharia obriga".

"Já abrimos concursos para 30 assistentes operacionais que infelizmente ficaram desertos", explica o dirigente, lembrando que o Governo se prepara para reforçar o orçamento e quadro de pessoal do ICNF, o que inclui novos técnicos superiores, segundo foi anunciado pelo ministro Capoulas Santos, esta semana, na Marinha Grande.

No final do colóquio O Pinhal do Rei Um Ano Depois, organizado pela Sociedade de Geografia de Lisboa, Rogério Rodrigues adiantou também que vão manter-se encerradas, pelo tempo considerado necessário, as estradas da Mata fechadas ao trânsito, depois do incêndio do ano passado, para responder ao perigo de queda de árvores sobre pessoas e bens. 

Na última quinta-feira, a presidente da comissão científica para a recuperação das matas do litoral, Margarida Tomé, manifestou-se preocupada com a disseminação de acácias e outras espécies invasoras, no Pinhal de Leiria, que prejudicam o povoamento de pinheiro bravo. O presidente do ICNF afirma que "há muitas e variadas formas de ultrapassar este problema", todas "muito onerosas", e que, acima de tudo, implicam "continuidade de actuação". 

"As espécies invasoras cada vez ocupam de forma mais preocupante o território" e o exercício pela frente é "muito problemático", salientou, durante a intervenção no audiório da Resinagem.

Este sábado, na Marinha Grande, Rogério Rodrigues reiterou que o investimento nas matas nacionais do litoral previsto até 2022 ascende a 15 milhões de euros e que um dos principais objectivos é acrescentar diversidade de espécies. 

"O pinheiro bravo é uma espécie autóctone e é uma espécie pioneira", portanto, "os pinhais continuarão a ser pinhais", no entanto, o plano passa por "aproveitar as áreas mais húmidas e de melhores solos para a ocupação com outras espécies", por exemplo sobreiros e outras folhosas, que significam "ganhos biológicos" e ajudam "a defender a floresta contra os incêndios", explica o presidente do ICNF. No mesmo sentido, vai o propósito de multiplicar charcos e zonas de recreio e lazer.

Com 9.500 hectares ardidos em 2017, nos últimos 12 meses foram plantados 400 hectares, grande parte iniciativas da sociedade civil, e alienados em hasta pública 2.200 hectares com madeira queimada, fora acções pontuais de estabilização de solos e gestão de combustível junto aos principais eixos rodoviários. Rogério Rodrigues argumenta que este "é um processo de décadas", não "um assunto que se resolva em dois ou três anos", comentando assim as críticas ao ICNF, de quem diz estar tudo, ou quase, por fazer na Mata Nacional de Leiria.