Sociedade

Bajouca marcha contra prospecção de gás

26 jan 2020 17:44

O presidente da Junta da Bajouca garante que a “luta não parar até que os contratos sejam suspensos”.

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População receia contaminação dos solos e aquíferos
Facebook: Bajouca Contra a Exploração de Gás Natural

Cerca de 450 pessoas marcharam hoje na freguesia da Bajouca, no concelho de Leiria, contra a exploração de gás na localidade. Numa marcha de cerca de dois quilómetros, que começou na Junta de Freguesia e terminou no local onde a empresa Australis pretende efectuar trabalhos de prospecção, esta foi "mais uma forma da população manifestar a oposição à exploração de gás na freguesia", adianta Paulo Pedrosa.

"Não vamos parar de lutar enquanto os contratos da empresa Australis não foram cancelados definitivamente”, sublinhou o presidente da Junta da Bajouca, que referiu ainda que o protesto contou com a presença do presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, e da vereadora do Ambiente, Ana Esperança.

Segundo o autarca, “quando dizem que há 15% de risco de contaminação, não faz sentido avançarem com o investimento”, até porque “já foi anunciado que existem reservas de gás até 2050”.

 “Há o risco de contaminação do aquífero do Louriçal [concelho de Pombal]. Se isso suceder vai afectar a população da Bajouca e todo o concelho de Leiria”, alertou.  

Pedro Pedrosa disse ainda que o estudo de impacto ambiental ainda não é conhecido, mas a “empresa emitiu um comunicado à imprensa, onde disse que os resultados deveriam ser anunciados no primeiro semestre de 2020”.

 “Até ao momento não temos qualquer informação, mas temos a correr um abaixo-assinado para ser entregue ao senhor primeiro-ministro e vamos tentar que o assunto volte a ser debatido na Assembleia da República”, acrescentou.  

O presidente da Junta da Bajouca reforçou ainda que a “luta não parar até que os contratos sejam suspensos” e poderão “surgir novas iniciativas”. “Como diz o nosso mote 'Amo a Bajouca. Sou contra a exploração de gás natural'.”

“Esta acção faz parte de um conjunto de iniciativas que a Junta de Freguesia da Bajouca está a desenvolver no sentido de lutar contra a prospecção e exploração de gás e que, além da Junta e da população da Bajouca, tem também a oposição de várias juntas de freguesia do concelho, da Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Leiria, além de diversas associações locais e regionais”, refere uma nota de imprensa da junta, que anunciou a marcha.  

Em Dezembro, o Município de Leiria aprovou, por unanimidade, uma moção contra a prospeção e exploração de gás na Bajouca, apelando ao Governo para que tome medidas com esse fim.  

A autarquia recordou que estão ainda em vigor dois contratos entre o Governo e a Australis Oil & Gas para a concessão de direitos de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo nas áreas designadas por Pombal e Batalha, que “estão em contradição com a política energética que Portugal tem vindo a prosseguir na última década”.  

Dias antes, Gonçalo Lopes tinha enviado uma carta ao ministro do Ambiente e Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes a pedir que resgate a concessão de exploração de gás natural, atribuída a uma empresa australiana.

Em Julho, a população e alguns ambientalistas juntaram-se numa manifestação contra a prospeção de gás. Numa nota enviada por escrito à agência Lusa, nessa altura, a Australis referiu que “sempre pretendeu dialogar e comunicar com as populações residentes nas freguesias e municípios e já realizou sessões públicas para apresentar o projeto”.

“Ouviu as preocupações das populações e outras partes interessadas. Mais sessões serão realizadas após a conclusão do Estudo de Impacto Ambiental, processo que se encontra em curso.”

Segundo uma nota da Australis, a empresa recebeu do Governo português, em 2015, as concessões da Batalha e de Pombal e desde então “já investiu mais de 1,2 milhões de euros em estudos e trabalhos de engenharia para compreender as potenciais oportunidades de exploração das suas concessões”.

“A Australis não vai estimular estes poços através de fracturação hidráulica. O objectivo é realizar estes poços utilizando técnicas convencionais”, refere, ao afirmar que “estas operações terão um impacto muito positivo junto das populações locais, com a criação de emprego e dinamização da economia local”.