Economia

Homens e licenciados derrubam preconceito no trabalho doméstico

17 jun 2021 10:37

Assinalou-se ontem, dia 16, o Dia Internacional do Trabalho Doméstico. Fomos conhecer melhor a vida de quem cozinha, trata da roupa e limpa a casa dos outros. Percebemos que o seu perfil está a mudar, com mais licenciados e homens nesta profissão

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Legislação nem sempre é cumprida neste sector
DR
Daniela Franco Sousa

Entre milhares de colaboradores que a empresa QuerMarias já recrutou para exercer trabalho doméstico profissionalizado, desde que iniciou actividade, em 2005, boa parte são já colaboradores com formação académica superior. Além disso, existe um grupo que tende a crescer, que são os domésticos, empregados do sexo masculino, expõe Arminda Serrano, sócia-gerente desta empresa de recrutamento, que actua por todo o País e também em território internacional.

Desta forma, Arminda Serrano justifica que é cada vez menor o preconceito associado à profissão, que outrora estereotipava o empregado doméstico, associando-o a mulheres, de baixa escolaridade, que se dedicavam à função por falta de alternativas.

“Teremos recrutado três ou quatro homens, que começaram por fazer trabalho doméstico normal, que progrediram, e que hoje, na casa dos 50 anos, são mordomos”, relata Arminda Serrano. Alguns começaram a trabalhar em Londres e vieram mais tarde a empregar-se em Portugal. Outros fizeram o percurso inverso e estão hoje a colaborar no estrangeiro.

Além destes, prossegue a responsável pela QuerMarias, há muitos outros homens recrutados pela empresa, que trabalham a limpar, a cozinhar e a tratar de idosos. “Nalguns casos, há idosos sozinhos, que preferem contratar homens para tratar de si e da sua casa, porque, sendo do mesmo sexo, se sentem menos inibidos”, justifica a sócia-gerente.

Nesta actividade, defende Arminda Serrano, os senhores são “altamente profissionais” e muito “vaidosos” da sua função, acrescenta. Por outro lado, há também muita gente com formação superior, que escolhe fazer do trabalho doméstico a sua carreira. “Licenciados em Direito, Comunicação Social e profissionais de Enfermagem”, exemplifica.

Mónica Marto, responsável pelo recrutamento de recursos humanos na empresa House Shine Leiria, que se dedica a limpezas domésticas profissionais, confirma o interesse de licenciados nesta actividade. Recorda, por exemplo, o “contributo fantástico” de uma professora de ensino básico que, entre empregos em escolas, durante as férias de Verão, se dedicou à limpeza de casas através da House Shine.

Maria Costa, de 52 anos, natural de Viseu, já tinha completado o 7.º de escolaridade quando, aos 16 anos, decidiu ser empregada doméstica. Nessa altura, as habilitações até lhe poderiam ter aberto portas noutra profissão. Mas Maria preferia trabalhar nesta área, onde nunca se sentiu inferiorizada.

Pelo contrário. “Deixei amizades pelas dezenas de casas onde trabalhei”, conta a doméstica. Nalgumas delas, limitou-se a limpar. Noutras, “fazia as refeições, limpava, tratava da roupa e ia às compras. Era uma autêntica governanta&rdqu

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