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Fatos com mais de cem anos e a típica saia de riscadilho

24 out 2021 10:55

Mostra do Traje de Leiria dá a conhecer parte do “acervo fantástico” na posse dos ranchos folcóricos e abre este domingo no Mercado de Sant'Ana

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“Existe um acervo fantástico” na posse dos ranchos folclóricos “que está ainda por conhecer”, acredita Adélio Amaro, consultor do Município para a cultura popular.

Uma parte do “espólio muito interessante” que “todos os grupos” mantêm, “seja de originais ou de réplicas”, descobre-se na Mostra do Traje de Leiria, que é inaugurada este domingo, 24 de Outubro, pelas 15:30 horas, na Galeria Manuel Artur dos Santos, no Mercado de Sant'Ana.

Numa exposição etnográfica que percorre o vestuário da região da Alta Estremadura no final do século XIX e primeiro quartel do século XX, e, em concreto, o modo de vestir no concelho, há exemplares com mais de cem anos e está representada uma saia muito típica de Leiria naquela época, a saia de riscado, com barra de cor no fundo, normalmente vermelha, de uso comum, conhecida como saia de riscadilho.

Na Galeria Manuel Artur dos Santos vão estar nove pares de manequins, homem e mulher, num total de 18 trajes, de 18 ranchos folclóricos.

Participam os grupos da Região de Leiria, da Barreira, da Costa, da Maceira, de São Guilherme, Magueigia e Santa Catarina da Serra, do Freixial, dos Soutos, do Souto da Carpalhosa, da Boa Vista e ainda As Tecedeiras da Bidoeira de Cima, o Grupo Alegre e Unido da Bajouca, o Flores da Primavera da Ortigosa, o Flores de Verde Pinho do Coimbrão, a Juventude Amiga de Conqueiros, o Roda Viva do Telheiro, o Rosas da Alegria da Sismaria, o Rosas do Lis da Carreira e o Vale do Lis dos Barreiros.

Estão representados, por exemplo, o cavador, o lavrador abastado, o resineiro e o pescador, entre outros personagens da sociedade rural há mais de um século.

Juntamente com o vestuário – há outros dois manequins para fatos de criança – são exibidos utensílios que faziam parte dos usos e costumes da população.

Segundo Adélio Amaro, o levantamento e a inventariação dos objectos propriedade dos vários grupos folclóricos, embora iniciado por algumas colectividades, é um trabalho que está por concluir. “Se calhar, estamos a falar de milhares de peças”, arrisca.

A futura Rede de Núcleos Etnográficos do concelho de Leiria, a criar pelo Município de Leiria, provavelmente em 2022, com a colaboração do Cepae – Centro do Património da Estremadura e da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura, pode ter um papel importante nesse sentido.

Um dos objectivos é que venha a proporcionar espaços expositivos, como os que já existem no Agromuseu Dona Julinha, na Casa-Museu da Magueigia e no Museu Etnográfico do Freixial e que estão a ser desenvolvidos nos Soutos da Caranguejeira e na Barreira.

Outro objectivo – “um sonho” – seria a publicação de um livro.

Na aproximação às gerações mais jovens, há, por outro lado, “um caminho muito grande a fazer”, considera Adélio Amaro, para quem o folclore tem de ser mais do que o momento de ir ao palco. “Os próprios grupos têm de abrir a porta. Não podemos estagnar”.

Organizada pelo Agromuseu Municipal Dona Julinha e pelo Município de Leiria, a Mostra do Traje de Leiria conta com animação pelos ranchos folclóricos participantes e inclui fatos em que se procura o máximo rigor de acordo com as fontes históricas documentais. Alguns deles são regularmente utilizados nas actuações ao vivo.

Está patente até 14 de Novembro, com entrada livre.