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ESAD.CR atelier para todos

24 mai 2018 00:00

Criatividade | Desde que a Escola Superior de Artes e Design abriu portas em Caldas da Rainha, alguns dos mais relevantes nomes das artes nacionais da actualidade têm-se ali formado

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Jacinto Silva Duro

São muitos os casos de artistas com carreiras relevantes nas artes plásticas, cinema, jogos, cinema de animação, ilustração, cerâmica, entre outros sectores que, nas últimas três décadas se formaram na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR). 

O estabelecimento de ensino superior do Instituto Politécnico de Leiria é um reconhecido viveiro de algumas das mais inusitadas mentes criativas da actualidade. O JORNAL DE LEIRIA publica, em baixo e ao lado, uma lista de artistas com carreiras reconhecidas, forçosamente incompleta, dada a quantidade de talentos que por lá passaram, e falou com várias destas pessoas para perceber o que leva as Caldas da Rainha a serem um viveiro para tantos talentos.

A qualidade de ensino e, acima de tudo, uma grande dinâmica e proximidade entre alunos, funcionários e corpo docente, foram algumas das razões apontadas, além disso, os alunos que passaram e viveram a cidade forjaram com ela uma ligação forte.

“Caldas deixa em nós uma marca muito profunda”, admite João Pombeiro. O artista plástico recorda os anos 90, do século passado, quando foi estrear o novo edifício-sede da ESAD.CR, branco, imaculado, de estrutura leve e rasgadas janelas, para deixar entrar a luz.

“Penso que foi uma época de ouro para a escola e para a cidade. Havia uma vida muito activa, com bandas e artistas plásticos e, nós, os alunos, vivíamos numa pequena cidade onde nos cruzávamos nos cafés e lojas, numa espécie de comunidade.”

O artista plástico Tiago Baptista também aponta a facilidade e emotividade com que os alunos se relacionavam fora da escola. “Ao contrário do que acontece com os alunos de artes nas grandes cidades, era normal encontrar- nos a vivenciar e trocar ideias. Em Lisboa, por exemplo, há muitas galerias de arte, mas, nas Caldas, não as há e isso fez com que os alunos tenham sentido necessidade de desenvolver espírito crítico e de criar as suas soluções.”

Fizeram-se exposições em casa uns dos outros, apareceu o Museu Bernardo, o Caldas Late Night(CLN), que acontece este fim-de-semana, e houve quem arrendasse garagens para estrear novas exposições todas as quintas-feiras.

Nuno Gaivoto recorda aqueles primeiros anos, quando só havia 186 alunos na escola, como um cadinho de alquimista onde tudo e todos procuravam transformar o chumbo primordial do talento de cada um, no ouro que borbulhava no seu âmago.

“Naquela fábrica, que era, na verdade, um grande openspace, havia uma grande partilha entre os alunos dos diferentes anos e professores. Ao atravessá-la, passávamos pelas aulas de alunos dos vários anos. Era muito diferente das outras escolas de artes.”

Quando terminou o percurso académico, já na nova escola-sede, os estudantes eram mais de mil e Gaivoto sentia que parte daquela criatividade e extroversão se estava a perder. “Dizem- me que, hoje, já não existe o espírito de comunhão que tanto me agradou. Para mim, a ESAD.CR era um atelier à disposição de todos”, recorda.

João Pombeiro acredita que várias questões conspiraram para que a escola se tornasse num ninho de artistas e criatividade, muitas vezes expressa da maneira mais inusitada. “Fomos para uma escola nova onde havia professores que, na época, tinham uma atitude diferente do que se verificava, por exemplo, nas Belas Artes.

Ali, havia alunos com mais maturidade e outros que não tendo notas muito elevadas de acesso, eram muito inteligentes.” Para o artista plástico Tiago Baptista, também o método de ensino, no seu caso, teve o seu papel na definição do seu crescimento enquanto artista.

Aos alunos era dada grande liberdade criativa para que pudessem explorar o trabalho de “modo aberto e genuíno”. Contas feitas, muito conspirou para criar um espírito e ambiente que havia de levar os alunos a tomar em mãos o seu destino e a desenvolver esforços para c

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