Sociedade

'Dr. Varito', o presidente que dava banhada a todos os partidos

5 nov 2017 00:00

Álvaro Pinto Simões, antigo presidente da Câmara de Alvaiázere, eleito cinco vezes com maioria absoluta.

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Maria Anabela Silva

Aproximavam-se as eleições autárquicas de 1985. Álvaro Pinto Simões, formado em Direito, era então chefe de divisão no Ministério dos Transportes. Tinha acabado de comprar casa em Lisboa, os dois filhos já estavam na escola primária e podia aproveitar a vida cultural que a capital oferecia. É neste contexto que recebe o convite do PSD, que nunca tinha ganho a Câmara de Alvaiázere, para ser candidato.

O dilema era “difícil. De um lado, a vida “confortável” em Lisboa. Do outro, a hipótese de voltar ao convívio com muitos dos amigos de infância e de poder ajudar a desenvolver a terra que o viu nascer e de onde tinha saído menino e moço para estudar, primeiro em Coimbra, onde concluiu o liceu, depois em Lisboa, para fazer os estudos superiores. O apelo às raízes falou mais alto.

Regressa a Alvaiázere com a missão de 'roubar' a Câmara ao seu antigo professor Filipe Antunes de Sousa, que se recandidatava pelo PS. A campanha “não foi fácil”. Como tinha saído ainda muito jovem, poucos conheciam este filho da terra, nascido em Maçãs de D. Maria, onde a mãe era professora e o pai comerciante.

Nesta primeira de muitas campanhas, Pinto Simões acabaria por ter uma ajuda imprevista: 'Zeca Diabo', a personagem interpretada pelo actor brasileiro Lima Duarte na novela Roque Santeiro, que então passava nas televisões portuguesas. “Como tenho traços parecidos, quando colámos os primeiros cartazes, começaram a chamar-me 'Zeca Diabo'. A alcunha beneficiou-me porque a personagem passava constantemente na televisão”, recorda.

Venceu as eleições com quase 55% do votos. Seria a primeira e a mais magra das cinco vitórias que conquistou, chegando, por duas vezes, a ser o presidente da Câmara do País eleito com maior votação, ao alcançar quase 80%. Vitórias que consagraram a tradição laranja no concelho, que nunca mais deixou de votar maioritariamente PSD.

Qual o segredo? O histórico autarca, que recentemente tomou posse para o terceiro mandato como presidente da Assembleia Municipal, responde com prontidão: “a proximidade às pessoas e a obra feita, sem partidarismo e por amor à camisola”. Conta que, durante os 20 anos em que liderou a Câmara, teve “sempre” a porta do gabinete aberta.

“As pessoas entravam e expunham os seus problemas. Se me procuravam, tinha de os ouvir”, alega. Dedicava também um dia por semana ao contactos com a população.

Só à quarta se filiou por aposta com a

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