Sociedade

Detectar cancro por micro-ondas e estufa sustentável são projectos made in Politécnico de Leiria

4 abr 2019 00:00

Dia Aberto deu a conhecer a jovens do ensino secundário e suas famílias dezenas de projectos de investigação desenvolvidos no IPL

Foto: Instituto Politécnico de Leiria

Dectectar cancro por micro-ondas, criar uma estufa sustentável, onde o desperdício é quase zero, e aumentar os níveis de actividade física de pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) são apenas três projectos das dezenas que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) desenvolve nas cinco escolas e nos diferentes departamentos.

No âmbito do Dia Aberto, que decorreu nas escolas superiores de Saúde (ESSLei) e de Tecnologia e Gestão (ESTG) para que os jovens do ensino secundário e profissional, e suas famílias, possam visitar os laboratórios, experimentar um dia no ensino superior, o JORNAL DE LEIRIA dá a conhecer algumas das investigações que estão a ser desenvolvidas por alunos e professores.

Através do Instituto de Telecomunicações (IT), que tem um dos seus pólos na ESTG, no âmbito de um projecto final de curso da licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, está a ser desenvolvido o Head Phantom 3D: detecção de tumores cerebrais através de imagiologia por micro-ondas.

Rafael Caldeirinha, coordenador do projecto e investigador sénior do IT, explica que o objectivo é criar um “manequim” (phantom) que seja uma réplica o mais realista da cabeça humana, para que, através de micro-ondas, seja possível detectar “anomalias” que possam indiciar um tumor cerebral.

O projecto irá apoiar os estudantes de medicina. “Os estudantes treinam a imagiologia médica em manequins homogéneos e quando vão para o paciente real têm dificuldade na realização dos exames”, afirma o docente.

“A ideia é ter um phantom que seja o mais realista possível, com uma parte dinâmica que advém do movimento dos maxilares ou o simples piscar dos olhos, para que os especialistas na área possam treinar.

“Numa segunda fase, pretendemos refinar o método de detecção e identificação, a partir dos sinais de radar recebidos, porque detectar uma perturbação pode não significar um tumor, mas uma cavidade ou uma reflexão dos tecidos biológicos”, explica Rafael Caldeirinha.

O investigador explica que “será necessário produzir diversos géis que mimetizam, através da sua permitividade e conductividade, os tecidos biológicos e as formações ósseas existentes na cabeça e, em particular, os que caracterizam os tumores cerebrais”.

O sistema funciona por “radiação electromagnética, com ligação a uma antena que emite e recebe um sinal rádio, tal como nos sistemas de radar”, com rotação de 360 graus em torno da cabeça.

“Conseguimos obter uma imagem de radar 3D da cabeça, com suficiente resolução espacial, que permite identificar a interacção das ondas rádio com os vários tecidos cerebrais”, revela, referindo que, nesta primeira fase, a investigação desenvolve- se com uma cabeça construída em esferovite.

“A ideia, para já, é melhorar a técnica de detecção e identificação de tumores em ambiente de simulação, onde temos um modelo biológico realista da cabeça, com posterior validação experimental em manequins construídos para o efeito”, precisa Rafael Caldeirinha.

O próximo passo será imprimir no CDRSP - Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto, do IPLeiria, um manequim com materiais “pseudo biológicos”, que possibilitará uma réplica muito fiel à da cabeça humana.

“As cavidades da cabeça serão depois preenchidas com géis, com características dieléctricas adequadas a cada tecido cerebral ou formação óssea da cabeça”.

Rafael Caldeirinha adiant

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