Economia
Defesa, sustentabilidade e inovação antecipam o futuro em Leiria
Sexta edição do "Leiria Centro Exportador" realizou-se na semana passada no Mercado de Sant'Ana
Sob o tema Gerar Oportunidades, Antecipar o Futuro, a 6.ª edição do Leiria Centro Exportador reuniu, em Leiria, câmaras de comércio dos quatro continentes e empresas de logística, marketing, seguros e transporte internacional, promovendo contactos com mercados externos.
Em paralelo, realizaram-se conferências e painéis com especialistas sobre sustentabilidade, ESG, defesa e estratégia internacional.
A conversa sobre negócios da defesa foi uma das mais concorridas. Todos os oradores concordaram que, face à burocracia e à concorrência entre parceiros europeus, os esforços nesta fileira devem reger-se por três princípios: “rapidez, rapidez, rapidez”. Entre os intervenientes estiveram Liliana Reis, Universidade Lusófona, Nuno Lobo, Tekever, João Pedro Taborda, Embraer, Carlos Mendes Dias, coronel na reserva, e Gonçalo Cunha, Thales.
Foram apresentados números que ilustram o potencial económico da defesa, como o facto de, na Ucrânia, serem usados 100 mil drones por mês, com fábricas a produzir quatro mil por dia. “Infelizmente, isto quer dizer que 70% das baixas são provocadas por eles”, notou Taborda. Liliana Reis observou que quem investe na indústria da defesa enfrenta “dificuldades duplicadas, triplicadas e quadruplicadas”. Sublinhou ainda que, na opinião pública, a defesa é muitas vezes vista como “investir na guerra”, em detrimento de outras prioridades.
Em resposta, Rui Lobo recordou que o drone que identificou o navio russo suspeito de ataque foi criado pela Tekever, exemplo do contributo português para a segurança europeia. Ambos alertaram para os conflitos invisíveis, como ciberataques. “Metade dos países bálticos da União Europeia e NATO têm zonas sem sinal GPS”, referiu. Outro ponto-chave foi a necessidade de desenvolver tecnologia de dupla utilização, civil e militar (dual use), como estratégia para reforçar a autonomia e competitividade da indústria europeia.
Última oportunidade para a descarbonização
Antecipar o futuro através do ESG foi o tema de outro painel dedicado à sustentabilidade, responsabilidade e estratégia empresarial. Tiago Carrilho, BCSD, defendeu que, num mundo “volátil, incerto, complexo e ambíguo”, as empresas devem gerir riscos, reduzir custos e encarar a sustentabilidade como via para a inovação, já que o acesso ao financiamento está cada vez mais dependente do desempenho ambiental.
Pierre Bidaud, The Stone Masonry Company, afirmou que esta é “a última oportunidade para a descarbonização”. Apesar dos custos, os prejuízos são maiores para quem não actua. Colabora com o sector da pedra da região de Leiria e acredita que a transformação sustentável é inevitável.
Gilda Pereira, Ei!, destacou que empresas com estratégias equilibradas, que conciliam vida profissional e familiar, retêm melhor o talento. É essencial que os colaboradores conheçam os valores e o propósito da organização.
Já João Nuno Bogalho, Leadzai, defendeu a confiança e a autonomia das equipas. Num mundo digital, onde as novas gerações vivem e aprendem online, o teletrabalho pode ser mais produtivo do que o “marcar ponto” no escritório. A produtividade não se mede pelo número de horas à secretária, mas pela qualidade do serviço apresentado, resumiu.