Viver

Cornucópia é rainha na mostra de doces conventuais

12 nov 2023 14:00

Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais regressa ao Mosteiro de Alcobaça, entre os dias 16 e 19 de Novembro

cornucopia-e-rainha-na-mostra-de-doces-conventuais
O cone recheado com creme de ovos é o doce típico de Alcobaça
DR
Adriana Zeferino

A Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais está de regresso ao Mosteiro de Alcobaça, de 16 a 19 de Novembro. Conhecida pelo seu legado riquíssimo na doçaria conventual, herdado pelos monges e monjas de Cister, a cidade de paixão, será, novamente, o palco de um dos maiores eventos de doçaria a nível nacional!

Este ano, em que se celebra o 25.º aniversário do evento, o objectivo é reforçar “uma das marcas identitárias do concelho”, que eleva a cidade de Alcobaça no panorama “nacional e internacional”, refere o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Hermínio Rodrigues.

Durante quatro dias, no que toca aos doces, será possível degustar iguarias absolutamente deliciosas, como as famosas Cornucópias, o Pão-de-Ló de Alfeizerão, as Brisas do Liz, os Ovos Moles de Aveiro, o D. Rodrigo de Portimão ou o Pudim Abade de Priscos de Braga. O difícil será, mesmo, comer só um!

Mas quando falamos dos doces conventuais de Alcobaça, temos de falar, obrigatoriamente, das emblemáticas Cornucópias. O cone recheado com cremes de ovos é, sem sombra de dúvidas, o doce mais típico do concelho! A sua origem é um pouco incerta… para não dizer, uma incógnita. A única coisa que se tem por garantido é que foram criadas no século XII, no Mosteiro de Coz, em Alcobaça, e que a sua forma se inspira na de um vaso com forma de corno – que na Antiguidade simbolizava fertilidade e abundância.

Depois de habitual nas cozinhas dos monges e das monjas de Cister, os fiéis depositários deste legado ancestral, algumas pessoas decidiram começar a confeccionar para vender. Uma das primeiras foi Joaquina Conceição Crespo, que era de Leiria, mas, em 1928, foi viver para Alcobaça. Teve dois filhos e as suas três netas acompanhavam todo o processo de confecção dos doces.

A “magia” da avó Joaquina

Fátima Crespo, actualmente com 62 anos, é uma delas, e garante que a avó fazia “magia” na cozinha do quintal onde morava, na Rua Miguel Bombarda. Confessa que, ainda hoje, tem nela impresso o cheiro “das trouxas, das lampreias e das cornucópias”. O acompanhar aquilo que a avó Joaquina fazia, era uma tentativa de aprender e seguir-lhe os passos. “Desde o partir dos ovos, o descascar da amêndoa e o corte da massa em tiras precisas que eram enroladas com mestria nos cones”.

Mais tarde, também as pastelarias do concelho, adoptaram esta receita. A proprietária da Pastelaria Alcôa, uma das mais conhecidas, e também uma das primeiras a confecionar cornucópias, sublinha mesmo que “a cornucópia é o bolo mais emblemático, e sem dúvida, o mais vendido!”.

A pastelaria com vista privilegiada para o Mosteiro de Alcobaça, está entre as que mais prémios arrecadaram na Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais. Em 2022, ganhou o primeiro prémio de Melhor Doce Conventual, com a sua mais recente invenção, o “Manjar Real”, feito “com amêndoa, pinhão, gila e gemas, e, por cima, para decorar, um glacê real com um crocante de praliné de amêndoas”.