Viver

Ao encontro das “estórias” de Leiria

22 jun 2017 00:00

Julga que conhece Leiria porque sempre lá viveu? O livro 'Ao encontro de Leiria', desmistifica e descomplica vários dos episódios e figuras históricas da cidade do Lis e serve como auxiliar e convite a uma vista demorada aos museus locais

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Jacinto Silva Duro

Perante a ausência de uma história de Leiria para os mais novos, Ana Vale, pintora, escritora, professora e ilustradora, decidiu criar um livro destinado ao público mais jovem do concelho – e não só - e que também pode ser lido por adultos, para “educar as crianças, em especial do 1.º Ciclo, em certos valores” e incentivá-las a proteger o seu património identitário material e imaterial. Chamou-lhe Ao encontro de Leiria.

“É um convite para as pessoas saírem de casa e conhecerem os locais, as pessoas e o património. Muitas vezes, vão para fora sem sequer conhecerem as coisas que têm à frente do lar”, explica a autora. Pegou em testemunhos, relatos, teses de doutoramento, lendas e histórias e escreveu sobre os reis, os pintores, os escultores e algumas das figuras e locais mais conhecidos do concelho.

“Acaba por ser um complemento para uma visita aos equipamentos culturais do município”, explica. Por ser essa a temática, fez uma proposta de edição, que foi acolhida e auxiliada pelo Pelouro da Cultura da Câmara de Leiria.

O livro, com edição da Textiverso, está dividido em várias partes onde se dá conta, em tom leve, da história abreviada de Leiria, da pré-história à Reconquista, até à Modernidade e Época Contemporânea. Nesta narrativa que cruza os milénios, não falta o dia em que, há 30 mil anos, um grupo de caçadores recolectores se despediu de um menino muito especial, numa pequena gruta, junto a um ribeiro, no Vale do Lapedo.

A obra gozou de tanta popularidade que já esgotou. Foi distribuída nas escolas do concelho e Ana Vale, foi convidada a ir apresentá-lo às turmas. Recentemente, a autora fez uma proposta de reedição à autarquia, devido ao interesse que o Ao encontro de Leiria recebeu por parte do público jovem.

D. Dinis era mesmo mau e cruel?
Com palavras simples, o Ao encontro de Leiria conta alguns dos episódios mais conhecidos da história e algumas das “estórias” da cidade natal de Francisco Rodrigues Lobo.

É o caso das lendas que falam da princesa Zarah, do Milagre das Rosas, das três portas da Sé e do tesouro que estas esconderiam e ainda do corvo que ajudou D. Afonso Henriques a tomar Leiria aos mouros e que foi imortalizado no brasão da cidade.

A autora explica que aproveitou para desmitificar e descomplicar alguns dos episódios, fazendo comentários a cada um dos episódios que relata no livro.

“Diz-se que D. Dinis era mau e cruel. A partir de uma tese de doutoramento, explico que ele foi muito importante para a criação da identidade nacional. Por exemplo, tomou medidas para obrigar a falar, em vez do latim comum, o galaico-português [que haveria de dar origem ao Português moderno]. Há investigadores que lhe retiram o papel de vilão, alegando que ele era um homem generoso, orgulhoso da missão da rainha, sua mulher [D. Isabel].”

Ana Vale adianta ainda que era a Corte e os seus nobres e damas quem não gostava da generosidade da sua rainha para com os mais desfavorecidos e não o rei.

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