Desporto

Andam todos a dormir, Evelise

17 fev 2017 00:00

A campeã nacional de salto em comprimento é das poucas atletas talentosas do País que não pertence aos quadros de um dos rivais da segunda circular. Fomos tentar perceber porquê.

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Sporting, Sporting, Benfica, Benfica, Sporting, Benfica, Sporting, Juventude Vidigalense. Este fim-de-semana, nos Campeonatos de Portugal de pista coberta, ficou mais uma vez patente a bicefalia do atletismo sénior português.

Dos 28 títulos individuais distribuídos em Pombal, nada menos do que 24 foram atribuídos a atletas dos dois emblemas vizinhos da segunda circular.

Entre as quatro excepções está uma marchadora olímpica do Algarve, uma meio-fundista de Seia, um especialista em provas combinadas de Vagos e uma menina de Leiria que parece ter asas nos pés. Senhoras e senhores, conheçam Evelise Veiga.

Apesar de não ter mais do que 20 anos, a atleta da Juventude Vidigalense conquistou no passado sábado o título nacional do salto em comprimento.

A marca – 6,11 metros – não constitui recorde pessoal, pois este ano já voou mais dez centímetros – resultado que lhe valeu a marca de qualificação internacional para o Europeu de sub-23 – mas provou consistência acima da linha dos seis metros.

Já com uma medalha de ouro ao pescoço, no domingo participou no triplo salto e foi terceira, atrás das olímpicas Patrícia Mamona e Susana Costa.

Além da rodela de bronze, levou para casa um outro e mais saboroso prémio: os 12,93 metros que conseguiu no hop, step, jump garantem-lhe a presença numa segunda prova no Europeu de sub-23, competição marcada para a impronunciável cidade polaca de Bydgoszcz, de 13 a 16 de Julho.

Neste País em que Sporting e Benfica açambarcam o talento existente, o que se passa com Evelise Veiga? Será transparente? Estarão todos a dormir? Se calhar estão.

“Embora no ano passado tenha havido uma abordagem à atleta, nunca foi feita de forma efectiva”, explica Cátia Ferreira, a treinadora. E porquê? “Sabem que é uma atleta valorizada, muito importante para o clube e para o município. Por isso, não a podiam vir aqui buscar a qualquer preço.”

A atleta continua “feliz” na Juventude Vidigalense. Diariamente, no Estádio Municipal de Leiria, prepara-se para chegar cada vez mais longe.

“A nível competitivo e psicológico é muito forte, mas claro que também tem talento. Ano após ano tem vindo a ganhar consistência na questão do trabalho, do esforço e da dedicação. Tem percebido que é parte fundamental do sucesso. O ponto mais fraco? É a falta de competitividade no treino, mas também em Portugal.”

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