Opinião

Agustina

5 abr 2018 00:00

Atrevo-me a dizer que é na mente deste narrador (que vejo mais como narradora) que, em forma de monólogo interior, se desenvolve toda a teia da narrativa.

Agora que parece haver vontade de “recuperar” os excelentes textos de Agustina Bessa-Luís para o mercado dos livros, (re)lancei-me na leitura de romances da “sibilina” autora. Difícil escolher um entre as dezenas de narrativas que escreveu.

Ali, na estante, encontrei “perdidos”, além de A Sibila, que li em tempos, mais dois ou três livros de Agustina e decidi-me pelo que me pareceu mais denso: O Mosteiro. Poderá parecer heresia dizer que se trata de um romance onde as categorias clássicas da narrativa se vêm baralhadas.

De facto, à exceção do espaço – que se concentra no sítio de São Salvador e dominado pela “massa escorialesca” do Mosteiro – e das personagens – que giram em redor de Belchior ou Belche para a família – a ação é difusa saltando com o tempo, de época para época, embora sempre agarrada às mulheres da casa da Teixeira e do seu sobrinho Belche, desenvolvendo-se em avanços e recuos desde os anos 30 até depois da revolução de Abril.

Um dos elementos fortes desta narrativa é, além do protagonista Belche, o elo entre todos os outros pilares da obra, inclusivamente o mosteiro, o narrador (ou deverei dizer a narradora, já que deixa transparecer a sabedoria e a inteligência viva da autora) com as suas profundas reflexões de ordem moral, psicológica, sociológica e política.

Atrevo-me a dizer que é na mente deste narrador (que vejo mais como narradora) que, em forma de monólogo interior, se desenvolve toda a teia da n

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