Abertura

“Agosto é um festival de Verão!”

4 ago 2022 11:01

Reencontro | Este ano, as festas de Agosto são tempo de regresso para quem partiu para a diáspora, de matar saudades, de encher o coração na companhia da família e amigos e de recuperar o tempo perdido para a Covid-19

Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
CM Pombal
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
CM Pombal
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
CM Pombal
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
Festas do Bodo, em Pombal, marcam oficialmente início da época de reencontros
CM Pombal
Jacinto Silva Duro

Os tradicionais festejos populares de Santa Eufémia, em Leiria, iniciam o ciclo anual de festas e romarias na região. Ainda com o eco dos coros de igreja a exultar os povos a gritar “aleluia! Cristo está vivo, Cristo ressuscitou”, o dia de Páscoa marca o arranque dos festejos profanos, dos concertos e dos bailaricos.

Nos meses seguintes, os festejos tradicionais em honra aos padroeiros de cada terra é uma espécie de aquecimento e de ensaio geral para a chegada de Agosto e dos emigrantes.

Eugénio Rodrigues Marto, 60 anos completados em Julho, emigrou para França em 1980. Antes de partir, ia “a todas as festas”. “Tocava acordeão nos bailes e nos casamentos e ia às festas de Santiago da Guarda e do Vale do Boi [Ansião], que eram as melhores”, recorda.

As “digressões” chegaram a levá-lo até Buarcos, na Figueira da Foz. Naquele tempo, em palco, estava só um tocador cuja missão era contagiar para o bailarico. “Era lindo. Havia a moda dos quatro e dos dois passos”, explica.

Os bailes das festas, conta, eram motivo para “beber uns copos” e conhecer meninas mais sensíveis ao charme do acordeonista. Eram lugar de encontros e de diversão. Hoje, porém, para o emigrante, sobra a melancolia da memória.

“Sempre que podemos, partimos mais cedo para vir ao Bodo. E depois destes anos sem a festa, por causa da pandemia, tínhamos de estar presentes. Já tinha saudades da procissão.” Paula Santos tem dupla nacionalidade, francesa e portuguesa.

Nasceu em França e vive, actualmente, em Bordéus. Os pais, naturais de Vermoil, habituaram-na a um ritual anual. Além das idas à praia do Cabedelo, do “salto às termas” do Agroal, dos inevitáveis casamentos, dos gelados de água num cone que se desfazia nas mãos, das bolas de Berlim crocantes, devoradas em dedos dourados de areia, das visitas à família na terra, o Bodo era paragem obrigatória.

“Ainda hoje, para mim, Agosto é um festival de Verão!”, resume Paula, agora com 41 anos. O Bodo, em Pombal, assinala a chegada em grande número dos emigrantes e dos seus descendentes, para engrossar as fileiras de quem vive o Verão em constante estado de festa, fim-de-semana sim, fim-de-semana também.

Sempre com os artistas populares, em surdina, reencontram-se amigos, argumento mais do que suficiente para um copo e conversa demorada.

Elisa Cochet, 22 anos, chegou de Lons le Saunier (França). É enfermeira e neta de emigrantes e, por isso, não é a saudade que a faz visitar Portugal todos os Verões, pois a complexidade desse elo escapa a quem é lusodescendente de segunda geração.

Contudo, garante, “não há nada assim em França”. E se não existe sentimento agridoce, a danças, a música, a animação e a oportunidade de sair com os primos são motivos mais do que suficientes para viver o Agosto português.

Depois do Bodo e após as tradicionais visitas à família, seguem-se as festas em Ansião, também afamadas pela sua qualidade, e uma eventual paragem nas de Abiul.

Certo, certo, é que, na semana do dia 15 de Agosto, há sempre, algures, uma festa ou bailarico. São os dias mais animados do ano.

“Momento de simbolismo” no Louriçal

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ