Desporto

A abrir os trilhos que fazem de Portugal um país de ciclistas

26 ago 2020 15:06

A paixão de Alexandre Domingues pela construção de pistas de BTT vem de longe. Começou pelos Marrazes e acabou por fazer da vocação um negócio. Tem projectos espalhados pelo País e é o mentor da rede de percursos dos Açores

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Alexandre Domingues na pista de XCO dos Marrazes
Ricardo Graça

Nos primeiros dias de Setembro, Alexandre Domingues vai pegar nas trouxas e viajar para Santa Maria, nos Açores. Na mala leva a inseparável bicicleta, mas não se conjecture que vai aproveitar o que a natureza tem para oferecer numas férias inesquecíveis. Ou num desafio aos próprios limites em trilhos de muito desnível acumulado. Bem pelo contrário.

O que este cidadão dos Marrazes, Leiria, vai fazer à primeira ilha a ser achada pelos portugueses é trabalho. Do duro. Ele vai passar da teoria à prática e levar a cabo um dos projectos que tem consumido grande parte dos seus últimos dois anos. Chegou o momento de tornar palpáveis tantos estudos, análises, conferências, videoconferências e quilómetros sem fim em cima de uma bicicleta, fosse à chuva, ao vento, ao sol, a subir ou a descer.

Após ter colaborado na organização das primeiras edições da Azores Mountain Bike Marathon, o Governo Regional dos Açores convidou a empresa de Alexandre Domingues para implementar centros de BTT em todas as nove ilhas. Com experiência na organização de provas e na construção de trilhos e pistas de cross country olímpico, como Marrazes, Jamor ou Paredes de Coura, o antigo director da Federação Portuguesa de Ciclismo meteu mãos à obra.

Da serra até à praia a partir dos Marrazes

Alexandre é natural dos Marrazes, cresceu a brincar na Mata dos Marrazes e é com sensações mistas que olha para a pista de cross country olímpico que construiu. Se por um lado tem “orgulho” no circuito que delineou, o primeiro permanente do País, por outro aguarda que a intervenção, naquela área para limpeza, que está a durar “demasiado tempo”, seja concluída. Neste momento, a paisagem é “desoladora”

Assim sendo, pediu uma reunião com a Câmara Municipal de Leiria e com a União das Freguesias de Marrazes e Barosa para se tratar da manutenção do espaço e fazer crescer o projecto no âmito da candidatura de Leiria a Cidade Europeia do Desporto.

Quer apresentar uma proposta para fazer avançar o Centro Cyclyn de Leiria, “tirando partido da pista, e dos balneários e zona de lavagem de bicicletas lá instalados. “Só falta criar a rede de percursos permanentes”, sublinha. “Podemos ir dos Marrazes à praia ou à serra. Estamos num ponto provilegiado, encostados à cidade e já existe uma infra-estrutura que pode ser rentabilizada com um investimento só na definição e marcação dos percursos. Três quartos do

Em 2018, avançou com um projecto de raiz, o Centro Cyclin’Azores, num “investimento regional de dois a três milhões de euros”. “A primeira fase foi analisar o potencial de todas as ilhas para a criação de percursos permanentes com capacidade para serem produtos turísticos com bicicleta nas várias vertentes do ciclismo: estrada, cross country, enduro e gravel bike.”

A análise demorou seis meses e o potencial está lá, em absoluto, explica Alexandre Domingues. “Percorremos todas as ilhas, andámos muito de bicicleta e com o conhecimento perfeito do terreno podemos dizer que vamos aproveitar as ilhas completas e não apenas partes.”

Naquela altura, tiveram de provar à Direcção-Regional de Turismo que havia um potencial imenso naquele território para tornar os desportos ligados às bicicletas num importante factor turístico. “Fomos mais arrojados e apresentámos um protótipo que já apresenta em 90% o que será a obra."

Só faltarão alguns desvios, para se passar em determinados pontos de interesse ou para fugir ao conflito com outros tipos de utilizadores. "Um dos desafios que temos é tentar ser criativos e encontrar soluções para desviar de alguns percursos sensíveis e, em última análise, admitir que não h&aacut

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