Desporto

Paulo Rabaça: “Confundiram prepotência com liderança”

16 jun 2016 00:00

As críticas à gestão de Paulo Rabaça durante os cinco anos que esteve à frente do Sport Clube Leiria e Marrazes foram mais do que muitas. Agora que passou um mês sobre a saída do cargo, defende-se em entrevista escrita ao JORNAL DE LEIRIA.

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Que balanço faz deste período à frente do Leiria e Marrazes?
Um balanço destes cinco anos obriga a perceber o ponto de partida, em Maio de 2011. Recebemos um clube cujo passivo assumido pela Direcção cessante era de 55 mil euros, mas que alegava que tinha a receber 50 mil euros da Câmara de Leiria. Havia diversas facções no futebol, com um nível de conflitualidade quase ingerível, um excesso de colaboradores para as receitas que era capaz de gerar e outros que definiam quanto queriam ganhar. O clube tinha aceitado mudar o futebol do Parque de Jogos para a Aldeia do Desporto sem garantir a devida autonomia e as devidas contrapartidas pelo abandono do campo onde desenvolvia a sua actividade. Herdámos também todos os problemas inerentes a uma sede ainda por legalizar, apesar de já existir há quase 30 anos.

Como tentaram contrariar esses problemas?
Deitámos mãos à difícil tarefa de reestruturar o clube, mas passados três meses a realidade já se tinha agravado, sobretudo em termos financeiros. De repente, tínhamos um clube tecnicamente falido. Fomos surpreendidos com dívidas superiores a 150 mil euros e as verbas a receber da Câmara de Leiria eram de 36 mil euros, com um conjunto de processos judiciais já em execução. Reestruturámos várias áreas, reduzimos em 60% as dívidas, trouxemos liderança e capacidade de decisão, mantivemos o clube a cumprir o seu papel social e ainda fizemos alguns investimentos. Em termos de resultados desportivos, realço a conquista da Taça Distrital de Leiria, em 2011/12 e a Supertaça, pela primeira vez no clube, em 2012/13. Portanto, o balanço só pode ser positivo!

Os seus detractores acusaram-no de prepotência e que por isso acabou sozinho.

A maioria confundiu prepotência com liderança e com exercício das funções para as quais a Direcção foi mandatada. Durante muitos anos e atravessando várias direcções, as pessoas que se envolviam no clube estavam habituadas a funcionar em “roda livre”, num sistema de gestão anárquico, em que quem tinha a competência de decidir não decidia, deixando que outros sem competências tomassem decisões que originavam, por exemplo, dívidas. As direcções que liderei assumiram sempre as suas funções em pleno e delegaram o que entenderam em outros colaboradores, não deixando de definir as principais orientações. Essa mudança de lógica de gestão fez confusão a muita gente. Numa tentativa, nalguns casos desesperada, de tentar modificar esta realidade, tentaram repetir muitas vezes essa mentira, procurando transformá-la em verdade. Felizmente não acabei sozinho, nem nunca me senti só, mas sim rodeado daqueles que quiseram verdadeiramente colaborar com o clube. Talvez poucos, mas bons. Esses sim, verdadeiros marrazenses.

Por que razão alguns dos históricos se afastaram?

Não conheço essa categoria. Conheço sócios - uns mais antigos, outros mais recentes -, simpatizantes, dirigentes, técnicos, jogadores e colaboradores. As razões são várias: não estavam disponíveis para cumprir as orientações da Direcção e cada vez que colaboraram cumprindo algumas tarefas pontuais eram achincalhados e gozados por outros. Alguns tinham um estatuto que não lhes permitia desempenhar algumas tarefas e pensavam que com essa atitude faziam com que a Direcção desistisse do seu mandato, mas enganaram-se. Foi uma boa oportunidade de conhecer estranhas formas de ser marrazense.

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