Abertura

Grupo de amigos ajuda Ervedeira a renascer das cinzas

15 out 2021 20:12

Há quatro anos, o fogo no Pinhal de Leiria dizimou também a zona envolvente à lagoa da Ervedeira, que está a renascer pela força do voluntariado.

Luísa, Virgílio e André são três dos amigos que têm ajudado a renascer a lagoa da Ervedeira e zona envolvente
Luísa, Virgílio e André são três dos amigos que têm ajudado a renascer a lagoa da Ervedeira e zona envolvente
Ricardo Graça
Além da plantação, há acções de rega das árvores
Além da plantação, há acções de rega das árvores
DR
Maria Anabela Silva

Já passaram quase quatro anos, mas Virgílio Cruz e Luísa Fonte recordam, “como se fosse hoje”, o turbilhão de emoções que viveram naquele 15 de Outubro de 2017, quando o fogo dizimou, quase por completo, as matas nacionais de Leiria, do Pedrógão e do Urso.

A meio da tarde, Virgílio estava no bar que explora junto à lagoa da Ervedeira, na freguesia do Coimbrão, e brincava com os amigos, dizendo- -lhes que, se o fogo chegasse, se metiam dentro da água. Nessa altura, as chamas ainda não tinham atravessado o rio Lis e a coluna de fumo e de fogo estava longe, no concelho da Marinha Grande.

Pouco horas depois, tudo se alterou. A ironia deu lugar à preocupação e ao medo. À chegada das chamas, Virgílio não se meteu na água. Fugiu, antes que fosse tarde de mais.

“Por volta das 21 horas, o fogo atravessou o rio [Lis] e à meia-noite chegou aqui”, conta Virgílio Cruz, sentado num dos bancos do parque de merendas anexo à lagoa, um dos dois “cantinhos” da zona que escaparam à fúria das chamas. O outro foi o edifício que serve de apoio ao bar.

Em poucos minutos, toda a vegetação em torno da lagoa foi engolida pelas chamas, que devoraram também os passadiços. “As cordas a arder formavam uma linha de fogo. Parecia o rastilho de uma bomba”, recorda Virgílio Cruz, que ainda conseguiu libertar os cavalos que se encontravam presos num terreno localizado nas imediações da lagoa. Num primeiro momento, os animais fugiram em direcção ao fogo, mas acabaram por escapar.

A essa hora, Luísa Fonte fugia, de carro, da aldeia da Ervedeira com o filho de três anos, gravando na memória uma imagem que “ficará para sempre”.

“Olhei para trás e vi as chamas a galopar. Recordo-me bem de ouvir o crepitar das labaredas. É um momento inesquecível.” Regressaria no dia seguinte à aldeia e à lagoa. O verde da vegetação, onde em criança e na adolescência tantas vezes se protegeu do sol entre os mergulhos na água, tinha dado lugar ao cinzento, com a atmosfera impregnada do cheiro a fumo.

Um impulso do coração

Dias depois, a comoção deu lugar à acção. Uma semana após o fogo, “num impulso do coração” e ainda “emocionados” com o que tinha acontecido, o Grupo de Amigos da Lagoa da Ervedeira (GALE), constituído em associação em 2018, conseguiu juntar perto de 600 pessoas numa acção de limpeza na mata nacional envolvente ao espelho de água.

A quantidade de resíduos – vidro, plástico queimado e pregos que haviam caído dos passadiços – foi de tal forma “assustadora”, que o grupo percebeu que não podia ficar por aí.

“Aquela gente que se juntou a nós, vinda de vários pontos do País, deu-nos ânimo

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