Desporto

Ele é a última muralha do castelo e o santo da casa que faz milagres

4 fev 2021 14:31

Fábio Ferreira é o dono da baliza de uma União de Leiria cada vez mais líder

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Fábio Ferreira não sofre golos há quatro jogos
Luís Filipe Coito

E pronto, a União de Leiria apresenta-se isolada no comando da série E do Campeonato de Portugal de futebol e, se assim se mantiver até ao fim do competição, disputará a fase de acesso à 2.ª Liga.

Mas uma das grandes figuras da equipa não marca golos como os demais, não tem experiência de 1.ª Liga como a maioria, não é oriundo de paragens remotas e nem sequer é reforço trazido pela equipa de Armando Marques quando adquiriu a SAD a Alexander Tolstikov.

Na verdade, Fábio Ferreira tem sido o herói improvável, que teve de passar pelo Alcanenense e pelo Fátima até ter uma oportunidade em casa. Na temporada passada, segurou as redes unionistas nos momentos de maior dificuldade, quando o projecto parecia ruir. Sempre disposto a aprender, aceitou com bonomia o regresso do histórico Helton.

Ele, que é de Vieira de Leiria, terra de sábios, como Luís Castro, José Dinis ou José Morais, é dos poucos, além de Dénis Martins e Renato Alexandre, que conhece de cor a importância do símbolo do castelo na região.

A verdade é que as oportunidades na baliza não têm faltado e ele, que nunca teve alternativa a não ser ficar entre os postes, porque o irmão mais velho “exigia” que ele fosse guarda-redes nas brincadeiras com a bola lá por casa, tem respondido com excelência.

Tomou-lhe o gosto e foi assim no Vieirense, aos oito anos, quando começou, mas também na União de Leiria e no FC Porto, onde esteve cinco anos e foi colega de posto de Diogo Costa nos escalões jovens.

No campeonato, o rapaz de 22 anos e 1,80 metros de altura, alinhou em 12 partidas e somou 995 minutos. Neste período sofreu quatro golos, o que significa que são precisos 249 minutos, praticamente três jogos, para o obrigarem a ir ao fundo das redes.

Mas ele, apesar de todas os voos que têm salvo a equipa, sabe que nada consegue sozinho. “Está a correr bem e estou a conseguir destacar-me, mas o mérito é de todos. A equipa é consistente, focada e tanto queremos marcar golos como também queremos manter a nossa baliza a zero. Não é só trabalho do guarda-redes: desde o ponta-de-lança estão todos a lutar pelo mesmo objectivo.”

“Diz-se que a defesa é o melhor ataque” e é com essa filosofia que a União de Leiria vai continuar. Ele vai continuar a procurar a perfeição ouvindo os conselhos sábios e as histórias hilariantes de Helton.

“No FC Porto já tinha estado com ele numa palestra, já o admirava muito. Hoje ainda admiro mais, não só como atleta, mas pela pessoa que é, pela humildade que tem. É o exemplo a seguir.”

No fundo, o objectivo de todos é um só: subir o mais rapidamente possível e fazer regressar a União de Leiria aos bons velhos tempos da 1.ª Liga. “Lembro-me bem desses momentos. E, claro, recordo-me do Helton. Já era a minha principal referência.”