Entrevista

Regina Santana e Paulo Faustino, organizadores da Think Conference, em entrevista

26 jun 2018 00:00

"Basta um pormenor, numa comunicação para fazer a diferença ao criar um negócio"

Jacinto Silva Duro

Think Conference O Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, recebe, nos dias 29 e 30 de Junho, um evento que é apontado como o maior e melhor em Marketing Digital e Empreendedorismo, em Portugal. A organização é da Get Digital, empresa liderada por Paulo Faustino e Regina Santana

O que podemos esperar de diferente na Think Conference, relativamente à edição de há dois anos?
Regina Santana (RS) -
Teremos mais oradores, para que haja maior partilha de vivências e experiências profissionais. São pessoas que têm trabalhado bastante no Marketing Digital, empreendedorismo e mundo online e que vêm de todas as áreas imagináveis: de empresas que produzem ração para cães, calçado ou pagamentos online. Virá o gestor das redes sociais do Benfica, das redes sociais da PSP, o Guilherme Duarte, que é o humorista responsável pelo Por falar noutra coisa, e ainda os responsáveis pelas áreas digitais da Parfois, Fnac, entre outras.

Irão contar como é a sua experiência quotidiana?
RS -
Sim. Irão ilustrar estratégias, planeamentos, condições de trabalho…

Isso significa que, para o público, será uma boa oportunidade de tirar ideias para os seus próprios negócios e até para estabelecer contactos com potenciais parceiros?
RS -
Sim, as palestras são verdadeiras aulas onde se aprende imenso a ouvir pessoas que já conhecem este mundo. E, nos momentos de convívio, há a possibilidade de fazer networking, no Mercado de Sant'Ana. Aí as pessoas poderão trocar contactos, encetar negócios, partilhar ideias...

Paulo Faustino (PF) – Este ano, reduzimos o tempo das apresentações de 45 para 30 minutos e passámos de 16 para mais de 30 oradores, pois queremos mais pessoas a partilhar ideias dentro das suas áreas de negócio. Conseguimos atrair também seis patrocinadores que viabilizaram o evento: a Seat, a webhs, que já nos acompanha desde 2016, a RD Station (brasileira), a Swonkie, a Tiendeo (espanhola), o Activo Bank, a Signa (merchandise partner) e a Big Brand (printing partner). Temos ainda o apoio do Município de Leiria.

RS - Neste momento, até a autarquia consegue perceber a importância do evento. Penso que, em 2016, não acreditaram no que queríamos fazer. Agora já perceberam o potencial e que a ajuda do município é crucial. Durante a primeira edição da Think, fomos abordados pela Câmara da Figueira da Foz que queria levar para lá o evento. Espero que Leiria, perceba a importância do evento. Não é fácil conseguir apoios pois não somos uma associação cultural, somos uma empresa. Não é fácil conseguir apoios para uma empresa e para o empreendedorismo.

Quantos participantes esperam nesta edição?
PF
- Entre 600 e 700, que é o limite do espaço. O número ainda não está fechado, pois ainda estamos a receber inscrições. De qualquer modo, esperamos casa cheia. Nos dois dias da conferência, basta um pormenor numa comunicação para fazer a diferença na hora de criar um negócio. É sempre importante participar, pois não há nada melhor do que estar com as pessoas e apertar-lhes a mão, conhecê- las e conversar.

RS - Muita gente ainda não foi e não tem noção do que se passa e do que poderá aprender nestas palestras. Há poucos que tenham uma cultura de eventos, em Portugal. É um orgulho ler na imprensa que temos “a maior e melhor conferência de Marketing Digital e Empreendedorismo de Portugal”.

No balanço da edição de há dois anos, surgiram alguns negócios, a partir da Think Conference...
PF -
Sem falar em nomes, uma empresa de Leiria envolveu-se com um dos oradores, um investidor nacional, e desenvolveram negócios. O que tentámos e tentamos fazer é criar oportunidades para que as pessoas se conheçam. Temos um coffee break a meio da manhã e outro à tarde e, à hora de almoço, a pausa é relativamente grande. Além disso, há um welcome drink e uma after party... Em torno do evento criamos diversas oportunidades para que as pessoas se conheçam e tenham oportunidade de interagir. O nosso público-alvo são empresários ou pessoas ligadas ao marketing: gestores e directores e nós criamos oportunidades. Depois as pessoas devem tirar partido delas. Infelizmente, em Portugal, somos conservadores e acanhados na abordagem das pessoas, mas nós, na Think Conference, tentamos que as pessoas se conheçam, conversem e tirem partido, para lá das palestras. Os oradores, pessoas que nos habituámos a ver como estrelas, são extremamente acessíveis.

RS - Virá gente com muitas ideias de negócio e que quer empreender em novos campos, estudantes que querem aprender novas competências e estratégias, vendo como se faz no mercado de trabalho. Mesmo que não falem naquele dia, ficam os contactos. A "transformação digital" chegou já a todos os sectores de actividade nas empresas actuais.

A literacia e presença digitais são tão importantes hoje, numa empresa, como saber fazer um orçamento anual?
RS -
Uma presença digital, uma personalidade, é obrigatória. Quando queremos saber o que existe e quem faz o quê, vamos logo ao Google. Se alguém ou empresa não estão online, simplesmente, não existem. Todas as empresas devem ter uma presença online,bem pensada e de acordo com os seus objectivos.

O Marketing Digital ajuda a criar ferramentas para que se possa estar em contacto com o nosso público, de uma maneira que as empresas tradicionais, de balcão, jamais conseguiriam. Permite ouvir ideias para novos produtos, desejos e necessidades. De há dois anos para cá, desde a última Think Conference, sentem que o tecido empresarial conseguiu apreender este conceito
PF -
Os empresários já têm mais noção disso. Vemos as empresas nos canais digitais a comunicar com o seu público, mas, mesmo assim, ainda há quem pense que Marketing Digital é igual ao marketing, mas apenas em canais digitais. É isso e muito, muito mais. É também o domínio da tecnologia e da capacidade de entender e falar com os públicos, que é, muitas vezes, o Tendão de Aquiles das empresas. De facto, já se nota que os empresários estão mais "disponíveis" para conversar com os seus clientes através dos canais digitais.

RS - Hoje, é extremamente fácil perceber o que o público quer. Antigamente, não. Era preciso que a pessoa se apresentasse em frente ao balcão e fizesse o seu pedido. Agora, é possível ver as tendências, até de gente que não é, mas poderá ser, nosso cliente. Podemos antecipar-nos e ter a oferta. É tão fácil e barato que até na mercearia do bairro se pode fazer isso.

"Escutar" é uma palavra essencial no Marketing Digital?
RS -
Hoje, as coisas fazem-se ao contrário. Primeiro, escuta-se e só depois se faz o investimento, de acordo com o que o cliente quer e não com base num palpite que pode não funcionar.

PF- Essa noção não é uma novidade. Porter, nos anos 60, já falava na necessidade de escutar e ler o mercado. Actualmente, para o bem e para o mal, é muito fácil fazê-lo.

 

Leiria
Think Conference regressa em 2020

Regina Santana e Paulo Faustino são sócios-gerentes da Get Digital, a empresa da área do Marketing Digital, fundada em 2013 que organiza a Think Conference. Ambos trabalhavam por conta própria até que, um dia, resolveram juntar forças e criar a empresa que, hoje, emprega 15 pessoas.

"Idealizámos este evento pelo gosto da partilha e pelo networking, e também pela falta que sentíamos de conferências de empreendedorismo em Portugal. Estamos habituados a participar nelas, no Brasil, onde são de grande dimensão.

Escolhemos Leiria, a nossa cidade, como cenário, porque tudo acontece em Lisboa ou Porto", dizem. Depois de 2018, a Think Conference voltará apenas em 2020.