Opinião

Um “não” é sempre um “não”

9 jun 2016 00:00

Para piorar ainda mais o cenário, o que foi proferido por alguns homens anuncia um grau de barbaridade que me deixa boquiaberta e perturbada.

Sabe-se que alguma coisa vai mal quando, enquanto jovem mulher, me sinto bastante mais insegura ao passar por um grupo de homens do que por um grupo que seja constituído maioritariamente por mulheres. A presença das últimas transmite involuntariamente um sentido de resguardo e de segurança, que em muito contrasta com o sexo oposto. Esta não creio que seja uma noção inata, mas antes algo que se adquire através da vivência quotidiana. Chocou-me a mim e a muitos, quando há uns dias foi noticiada a violação de uma menor por parte de 30 homens, no Rio de Janeiro. Para piorar ainda mais o cenário, o que foi proferido por alguns homens anuncia um grau de barbaridade que me deixa boquiaberta e perturbada. Passa-se que muita gente tem a infeliz tendência de culpabilizar as vítimas de abuso sexual de toda a espécie. Em relação a este caso em específico, foram de imediato atirados para o ar comentários que atribuem total culpa à rapariga por causa do tipo de roupa que escolhe vestir, ou do estilo de vida que escolhe levar, como se estes fossem indicativos de ela estar a pedir o que lhe aconteceu. Esta situação é bastante recorrente, existe um vício descortês e constante de se achar que as nossas palavras não conseguem falar por nós. Um “não” será sempre um “não”, e falará sempre mais alto do que qualquer outra coisa. Ninguém está a pedir nada e ninguém tem o direito de assumir o contrário, dando apenas uso a um raciocínio repugnante.

*Estudante

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